Pesquisa revela que assistir eventos esportivos fortalece laços sociais
Pessoas que assistem a eventos esportivos ao vivo experimentam maior bem-estar.
Por Paula Cunha, para Cobertura Colaborativa Paris 2024
Segundo uma pesquisa destacada pelo The Conversation Brasil, pessoas que assistem a eventos esportivos ao vivo experimentam maior bem-estar do que aquelas que não assistem. O estudo científico indica que assistir a esportes ao vivo melhora as sensações de bem-estar e reduz o sentimento de solidão.
Publicado no jornal The Frontiers in Public Health, o estudo constatou que assistir a eventos esportivos ao vivo aumenta a sensação de que a vida vale a pena. Mas o que é bem-estar? A publicação define bem-estar como “o estado psicológico, ou seja, o efeito positivo que a mente capta. As pessoas com maior bem-estar tendem a ter melhor saúde física e a viver mais do que aquelas que não usufruem de estado semelhante”.
O estudo argumenta que “a satisfação com a vida pode ser, como medida do bem-estar social, preferível à felicidade por capturar melhor a influência do estado de saúde”.
O bem-estar psicológico está associado a “menor risco de doenças e mortalidade”, incluindo estados físico, mental, social e espiritual. Pessoas que assistiram a pelo menos um evento esportivo ao vivo apresentam menos sintomas depressivos do que aquelas que não assistiram a nenhum.
Mas e quem não pode ir a um evento ao vivo e assiste em casa pela TV ou internet?
Segundo o artigo publicado no site da Nature, esses telespectadores ficam menos deprimidos do que quem não assistiu aos jogo e os sintomas depressivos são decrescentes à medida que as pessoas assistem a mais esportes.
É gradual e independentemente de ser ao vivo, pela TV ou pela internet “elas têm maior probabilidade de relatar sentimentos mais elevados de realização na vida do que as que não assistem”. Assim como praticar, assistir esportes pode e fará bem para você, também.
Ainda segundo o The Conversation, apesar dessas descobertas serem correlacionais, ou seja: comparativas, isso “significa que não podemos ter certeza de qual fator influencia o outro ou se os fatores podem ser influenciados por uma terceira variante (como riqueza ou número de amigos)”.
Entretanto, a teoria da identidade social e a pesquisa de imagens cerebrais nos dizem que assistir a esportes é o fator principal porque pode proporcionar um maior estímulo ao bem-estar.
Conforme os autores da Social Identity, Health and Well-Being: an emerging agenda for applied psychology, os grupos, o meio social composto por comunidades, famílias, vizinhos, colegas de trabalho, além de outros, proporcionam indivíduos com senso de significado, propósito e pertencimento e tendem a ter consequências psicológicas positivas.
Quando temos algo em comum com outras pessoas da nossa comunidade encontramos apoio social e emocional, e é isso que acontece quando encontramos torcedores do mesmo time que o nosso ou, no caso das Olimpíadas, do mesmo país.
De acordo com estudiosos, “a forte identificação com um time esportivo em comum aumenta a probabilidade de se sentir emocionalmente apoiado por outros torcedores, elevando a satisfação com a vida”. Eles afirmam que os torcedores compartilham entre si dos benefícios sociais e emocionais que vêm com as vitórias e o efeito inverso acontece com as derrotas: os torcedores se afastam das equipes quando elas perdem para se protegerem das consequências sociais e psicológicas negativas.
Um estudo muito interessante feito com japoneses, utilizando imagens do cérebro, descobriu que as sensações de bem-estar “eram mais ativas quando os participantes assistiam a um esporte popular, como o beisebol, do que um mais elitizado, como o golfe”. Mesmo o beisebol não sendo um esporte tão popular no Brasil como no Japão, é compreensível que sua popularidade desperte mais interesse e emoções do que um esporte menos acessível e praticado por menos pessoas.