Assine a Carta Aberta contra o PL 191 e apoie a luta indígena!
A carta é mais um instrumento de resistência ao projeto de Jair Bolsonaro que avança na Câmara dos Deputados com apoio da bancada ruralista
Se você também teme ver territórios protegidos devastados pelo garimpo e comunidades locais e biodiversidade ameaçadas pela concretização de grandes obras, como as hidrelétricas, então você pode se somar à mobilização indígena. Nesta terça-feira (5), no 18° Acampamento Terra Livre (ATL), foi lançada uma Carta Aberta contra o PL 191, projeto de Jair Bolsonaro que avança na Câmara dos Deputados com apoio da bancada ruralista.
O líder do governo, Ricardo Barros (PP-PR) apresentou requerimento de urgência, aprovado pela Câmara. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) chegou a constituir um Grupo de Trabalho para tratar do assunto, mas não houve qualquer avanço em relação a isso. O temor é que a votação ocorra de assalto, a toque de caixa como aconteceu com outros projetos igualmente ameaçadores. Este é mais um dos projetos do pacote da destruição, em tramitação no Congresso Nacional.
A campanha foi criada como estímulo ao engajamento da sociedade civil, para que mais pessoas possam somar à batalha, em um esforço de tentar reverter o cenário nebuloso. Esta é mais uma dentre outras diversas ações. A campanha indígena tem como meta, reunir 1 milhão de assinaturas, incluindo a de parlamentares, artistas, instituições, organizações e movimentos sociais do Brasil e do exterior, entre outros. “O povo brasileiro tem o dever de conhecer os graves impactos econômicos, sociais e ambientais que poderão decorrer da aprovação do projeto”, diz o documento.
Um dos líderes indígenas que participam do ATL, Megaron Txucurramãe falou da dificuldade em convencer os parlamentares do contrário: “não temos dinheiro para comprar deputados”.
Integrando a Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Povos Indígenas, que marcou presença no evento de lançamento da carta, a deputada Joênia Wapichana – única indígena no Congresso – ressaltou que a proposição legislativa afronta direitos constitucionais.
“Por isso estamos lançando esse apelo à sociedade civil, a organizações, a todos que também se preocupam com a situação. Estamos clamando para que parem de atentar contra os direitos indígenas”.
PL 191, não!
O projeto, que está em trâmite no Congresso Nacional, pretende abrir as terras indígenas para a exploração da mineração, hidrelétricas e grandes projetos de infraestrutura.
A mobilização alerta que esse projeto de lei se trata de “abrir a porteira para a boiada passar”. O governo atual quer promover a especulação imobiliária sobre os territórios indígenas, incentivar a invasão do agronegócio com seus agrotóxicos e transgênicos e a derrubada das matas para criação de gado.
Sob a falsa justificativa de extrair potássio para a fabricação de fertilizantes químicos e usando a guerra na Ucrânia como desculpa, o governo Bolsonaro e sua base governista tentam aprovar o PL 191 em regime de urgência.
“Mais uma mentira do genocida. Estamos aqui para resistir, nós não estamos a sós. Além da encantaria, dos nossos ancestrais, nós temos guerreiras e guerreiros no Congresso para combater esse pacote de destruição”, afirmou Weiber Tapeba.
Estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) já mostrou que apenas 11% das jazidas de potássio situadas na Amazônia brasileira se sobrepõem a terras indígenas. Além disso, segundo o mesmo estudo, dois terços das reservas de minério no Brasil se encontram nos estados de Sergipe, São Paulo e Minas Gerais; e as reservas existentes hoje são capazes de abastecer o nosso País até 2100. Esses dados derrubam o argumento mentiroso, disseminado pelo governo federal, de que é preciso “abrir” os territórios indígenas para a exploração.
A carta também denuncia a tentativa de flexibilizar a lei ambiental e premiar grileiros com a regularização das terras invadidas por eles. São inúmeros projetos de lei e decretos que, juntos, formam o pacote da destruição. Por isso, a luta dos povos originários é na rua e também dentro do Congresso Nacional.
Acesse a carta na íntegra, clicando aqui.
ATL
Com o tema “Retomando o Brasil: Demarcar Territórios e Aldear a Política”, o ATL 2022 pretende reunir 8 mil indígenas durante os próximos dez dias, de 4 a 14 de abril, mesmo período em que o Congresso Nacional e o governo federal pautam a votação de projetos que violam os direitos dos povos originários. O acampamento está instalado no complexo da Fundação Nacional de Artes (Funarte), localizado no Eixo Monumental, em Brasília (DF).
Acompanhe a programação do ATL 2022: https://apiboficial.org/atl2022/