Um projeto controverso para a construção de um “Museu da Água” na região de Couros, na Chapada dos Veadeiros, na cidade de Alto Paraiso de Goiás, proposto pelo governador bolsonarista Ronaldo Caiado (UB), está gerando grande insatisfação entre os moradores assentados pelo Incra. A iniciativa, que deveria trazer benefícios e desenvolvimento, tem impactado negativamente a vida dessas famílias, gerando tensões e preocupações quanto à sua permanência e aos seus direitos.

Em 2020, a região da Catarata dos Couros, na Chapada, foi transformada no Parque Estadual Águas do Paraíso. São cerca de 5,6 hectares de área de conservação, cujas medidas de preservação deveriam ser reforçadas com a criação do parque. A gestão também deveria ser compartilhada com a prefeitura municipal, o que na prática não acontece.

Popular atração turística, a região passou a ser controlada pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) de Goiás. No novo parque, os valores obtidos com a cobrança de ingressos deveriam ser revertidos na implantação, manutenção e gestão da área.

Além disso, o projeto previa o aumento de emprego e de renda para a população local. Entretanto, a comunidade local critica a criação do parque e denuncia o não cumprimento dos acordos estabelecidos com a população que vive na região.

Desacordos e promessas não cumpridas

Os assentados alegam que, desde o início do projeto, nenhuma das promessas feitas pela Semad e pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) foram cumpridas. A titularização das terras, o saneamento básico, o acesso à água potável e as linhas de crédito são alguns dos direitos que os moradores deveriam ter garantidos, mas que, segundo eles, foram negligenciados.

“Como assentados, nós pedimos socorro às autoridades competentes e queremos nossos direitos reconhecidos”, desabafa um dos moradores. “Estamos indignados com o Incra e a Semad. O Incra não transferiu nem 1% da terra para a Semad, e ainda assim, a Semad iniciou operações que resultaram na apreensão de nossos cavalos e na imposição de multas absurdas.”

Ação da Semad e conflitos

Recentemente, a Semad realizou uma operação no assentamento, durante a qual funcionários apontaram armas de grosso calibre para os moradores e apreenderam cavalos, exigindo uma multa de R$ 2.000 por animal para devolvê-los. Esses eventos exacerbam a sensação de injustiça e abandono entre os assentados, que se sentem cada vez mais acuados.

A representante dos moradores no projeto Conselho Construtivo Parque Águas do Paraíso, explica que, em 2020, um decreto foi assinado para transformar a área em um parque estadual. “Fomos assentados em 1995. Desde então, o Incra nos abandonou sem recursos, saneamento básico ou água potável. Quando cobramos os títulos das terras, o Incra sempre nos ignora. Em 2020, a Semad veio com a proposta de um parque estadual dentro do assentamento, prometendo um georreferenciamento em troca. Porém, nada do acordado foi cumprido, e a Semad já começou obras, pressionando os moradores”, afirmou.

Clamor por justiça e direitos

Os assentados clamam por justiça e pela atenção das autoridades competentes para resolver essa situação. Eles querem ver seus direitos garantidos e uma solução pacífica para o conflito. A indignação cresce à medida que percebem que suas demandas não são atendidas e que a situação só piora com o tempo.