Assembleia Constituinte na Venezuela, porque a oposição diz não
“Essa é uma violência importada”, diz Maria Piñeda, aposentada na Venezuela. É claro para a parcela mais pobre do país que a crise política, econômica e social pela qual passa desde a eleição de Nicolás Maduro em 2013, tem interesses externos e econômicos. A Venezuela está desde então cada vez mais imersa em um momento […]
“Essa é uma violência importada”, diz Maria Piñeda, aposentada na Venezuela. É claro para a parcela mais pobre do país que a crise política, econômica e social pela qual passa desde a eleição de Nicolás Maduro em 2013, tem interesses externos e econômicos. A Venezuela está desde então cada vez mais imersa em um momento caótico que já levou a 100 mortes. A oposição ao governo de Hugo Chavéz viu na morte do líder bolivariano somada a queda do petróleo o momento de retomar o poder do governo que trouxe direitos para toda a população, e para isso iniciou um processo de desestabilização massivo por meio de greves e marimbas, grupos de direita que paralisam vias de acesso e vandalizam as ruas de Caracas, principalmente, durante as paralisações convocadas por políticos e empresários.
Nicolás Maduro convocou Assembleia Constituinte para o próximo dia 30, com uma proposta democrática para a construção da nova Constituição da Venezuela, que determina o número de deputados divididos por territórios e setores, trazendo representatividade para a política venezuelana. A oposição se recusa a fazer parte deste importante processo para o país, e tenta de todas as formas boicotar o pleito. Organizações internacionais como a OEA e o Mercosul se posicionaram sobre a Assembleia, com o presidente do Parlasul – Parlamento do Mercosul – Arlindo Chinaglia (PT/SP) se posicionando a favor de respeitar a autodeterminação dos povos, enquanto o Secretário-Geral da Organização dos Estados Americanos demonstrou apoio à oposição venezuelana. Políticos e lideranças progressistas se posicionaram demonstrando apoio à Maduro, como Hebe de Bonafini, liderança das Mães da Praça de Maio na Argentina e Gleisi Hoffmann, senadora brasileira e presidenta do Partido dos Trabalhadores.
A Venezuela depende de exportações, não passou pela industrialização completa de seu território, e a oposição do governo, em ação com a elite do país estão retirando produtos das prateleiras e até os queimando, tudo em vista da desvalorização do Bolívar venezuelano e desestabilização econômica e social do país. Pão não se encontra, entre tantos outros produtos essenciais para a população como absorventes íntimos para as mulheres e até papel higiênico. Que democracia é essa que busca retirar comida e bem-estar de boa parte da população visando o bem-estar somente da outra parcela, que busca o enriquecimento cada vez maior e entregar a nação aos países neoliberais que sempre lidaram com a Venezuela e os países latinos como seu quintal.
Um a um os países latinos com lideranças progressistas que governavam para toda a população, estão sendo derrubados, em um claro déjà-vu das décadas de 1960 e 70, onde os EUA financiaram todos os golpes de Estado e ditaduras que ocorreram neste período na América Latina, o que foi comprovado por documentos tornados públicos da CIA – Agência Central de Inteligência do país norte-americano. Mais uma vez após seguidas crises no sistema financeiro, o sistema capitalista neoliberal se mostrou falho e, novamente, o apoio financeiro, político e ideológico deste sistema vieram à galope para “resgatar” a América Latina da igualdade social e boa distribuição de renda.
Apesar da alarmante parcialidade da mídia internacional que tornou-se uma campanha de criminalização da revolução bolivariana, Maduro resiste há 4 anos os golpes em sua Venezuela, e tenta por meio desta Assembleia Constituinte trazer a paz novamente ao país, que se tornou zona de guerra. Ele não tem o carisma de Chavéz e os preços em alta do barril de petróleo, mas tem um povo que se organizou durante o governo de seu antecessor, e não cairá no conto da mídia e do dólar: vão à luta pela República Bolivariana da Venezuela e seus direitos. Se a paz virá após o dia 30, é muito provável que não, visto que será mais uma perda para a oposição no país, mas demarca mais uma vez o apoio que a parcela mais popular do Estado bolivariano dá ao chavismo.