As cores do Brasil na III Feira Nacional da Reforma Agrária
O MST conseguiu reunir, no coração de São Paulo um tanto de cada canto do país, mostrando que mais do que nutrição, alimento é cultura, memória e encontro.
O MST conseguiu reunir, no coração de São Paulo um tanto de cada canto do país, mostrando que mais do que nutrição, alimento é cultura, memória e encontro.
Por Gabriele Candido
Os números chamam a atenção pela grandiosidade: 3 dias, 24 estados, 900 assentados, 260 mil pessoas, 350 toneladas de produtos. Essa foi a 3ª edição da Feira Nacional da Reforma Agrária, organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), no Parque da Água Branca, em São Paulo.
Mas nem só de grandes números se fez a Feira, mais que isso: emoção. Cores e emoção. Por todo lado, crianças e adultos se aglomeravam com um brilho diferente no olhar, o de que é possível comer bem, de forma saudável e sustentável.
Milhares de pessoas juntas, no mesmo espaço, com uma grande coisa em comum: a descoberta. Descoberta das diferentes cores do milho, dos perfumes e formatos das frutas, dos inúmeros sabores desse Brasil. Do Vatapá ao Arroz de Carreteiro, da galinhada ao Pato no Tucupi: a história do Brasil se fez presente.
Além da “comida de verdade”, a Feira (ou Festival, quem sabe) acolheu, em dois palcos,os 367 artistas que compartilharam música, dança e cultura no Parque da Água Branca. Arte e resistência com nomes como Otto, Ana Cañas, Ilê Ayê, a bateria da escola de samba Paraíso da Tuiuti e Martinho da Vila. Teve espaço também para a música dos próprios produtores, que traduzem e muito a cultura do campo no Brasil: foi o caso da sanfona de Seu Aparecido, vindo de Guará, interior do Tocantins, que contagiava a todos com seu som.
Programação cultural, gastronomia…democracia! A Feira promoveu debates como acesso à alimentação saudável, agricultura familiar, genocídio da população negra e intervenção militar. Também lembrou, na fala e no nome de um dos espaços de discussão, a luta por justiça nas investigações do assassinato de Marielle Franco. E por falar em justiça, quem estava presente não deixou de ouvir e ver a chamada: Lula Livre! Nos palcos, nas mesas, na feira em si: todos os espaços ecoavam e denunciavam a prisão política do presidente Lula, denunciando o estado de exceção que cada vez mais dá as caras no Brasil.
No prato, na mesa, nas sacolas, tudo era lugar para o que produtores de todo país trouxeram na “mala”: a certeza de que reforma agrária e acesso ao alimento de qualidade andam juntos e formam o único caminho para o desenvolvimento de fato da agricultura no país: com união, cultura, democracia e saber popular!