
Argentina tem novo protesto por aposentados e contra a repressão de Milei
Apesar da repressão, aposentados voltam às ruas acompanhados por sindicatos, organizações de direitos humanos e estudantes.
Ao governo argentino de Javier Milei, não parece interessar a convivência pacífica e, muito menos, resolver, neste caso específico, a reivindicação dos aposentados. Como ocorreu na semana passada, longe de buscar uma resposta para os idosos, na Casa Rosada só se pensa em preparar a operação de segurança que será aplicada nesta quarta-feira (19) para impedir a mobilização. Nem mesmo a decisão do juiz federal Martín Cormick de estar presente na área para monitorar a marcha e a operação de segurança parece tranquilizar os ânimos belicosos da ministra da Segurança, Patricia Bullrich. Muito menos efeito parecem ter os habeas corpus preventivos apresentados para evitar que se repita a feroz repressão de uma semana atrás.
Enquanto isso, foram instalados inibidores de drones, conforme denunciou o ex-deputado Jorge Rivas, como se o governo quisesse evitar imagens não controladas que registrassem possíveis agressões. Apesar de tudo, a mobilização continua e está marcada para as 17h. As organizações de aposentados querem montar um palco para expressar suas reivindicações.
“Estamos sendo o catalisador de uma reação mais ampla, porque essa angústia que sentimos está em toda a população. É muito difícil suportar este ajuste desmedido”, afirmou Adela, do Encontro de Aposentados e Assembleias, durante a coletiva de imprensa das organizações de idosos que convocam o protesto.
Os golpes, os gases e os ferimentos causados pela repressão da semana passada não surtiram o efeito esperado. Cada vez mais organizações e cidadãos independentes deixam mensagens nas redes sociais sobre sua participação na mobilização prevista para esta tarde. Entre aqueles que voltarão a participar da marcha, estará Beatriz Blanco, a mulher de 81 anos brutalmente agredida por um policial e acusada por Bullrich de, na verdade, ter provocado o agente ao golpeá-lo com sua bengala.
“É mentira o que Bullrich disse, que dei dez golpes. Eu nem toquei no policial”, declarou ao jornal Página/12 no último domingo. Na ocasião, prometeu estar presente nesta quarta-feira. Além disso, afirmou: “Para Bullrich, que diz que sou uma arruaceira, estamos preparando uma bandeira para a próxima quarta-feira com os dizeres: ‘As Arruaceiras'”.



Juízes, recursos e drones
A possibilidade real de repressão por parte do governo levou à apresentação de uma série de recursos. Um deles foi impulsionado pelo Centro de Estudos Legais e Sociais (CELS), que entrou com uma ação contra o protocolo antipiquetes. Embora o juiz federal Martín Cormick tenha rejeitado a medida cautelar solicitada, ele informou que, junto com seus colaboradores, estará presente na área do Congresso para “observar presencialmente, com extrema atenção, tudo o que acontecer ali, a fim de incorporar de ofício todas as provas relativas” à análise do pedido de inconstitucionalidade do protocolo.
Outro dos clamores que se ouvirão com força hoje será o pedido de justiça para o fotógrafo Pablo Grillo, baleado pelas forças de segurança da polícia de Patricia Bullrich, que luta pela vida no hospital.
A área de exclusão
O governo prevê uma mobilização maior do que a da quarta-feira passada. Assim, aos 900 policiais da cidade serão adicionados 720 policiais federais e cerca de 400 agentes, entre gendarmes e integrantes da guarda costeira. Tudo indica que as barreiras instaladas não apenas impedirão a passagem de veículos, mas também de pedestres.
“Temos provas e as apresentamos. Pedimos ao promotor a detenção desses 29 torcedores violentos que atacaram o Congresso e nossas forças com paus, pedras e armas”, declarou Bullrich em sua conta na rede social X. Ela chegou a publicar um vídeo com os rostos dos supostos torcedores que pretende excluir dos jogos de futebol.
Apesar de toda essa parafernália ameaçadora do governo libertário, a verdade é que os aposentados estarão nas ruas reivindicando seus benefícios, a devolução dos medicamentos que lhes foram retirados e a prorrogação da moratória previdenciária, que está prestes a expirar. Ao lado deles estarão sindicatos, movimentos sociais, organizações de direitos humanos, estudantes e assembleias comunitárias.