Área dos Guarani do Jaraguá é ameaçada pela especulação imobiliária
Indígenas lutam pela manutenção de território e pelo direito de viver o luto pela destruição de 4 mil árvores e mortes de animais.
Texto: Mauro Utida
Em mais um embate contra a especulação imobiliária no Jaraguá e pela garantia de seus direitos, lideranças indígenas Guarani Mbya se reuniram nesta quarta-feira (12) com representantes do 49º Batalhão da Polícia Militar em São Paulo, para dialogar e impedir que a comunidade seja retirada da área onde foi concedida licença para construção de condomínio imobiliário.
Segundo o comando da PM, a reintegração pode ser cumprida até a próxima sexta-feira (14), mas os indígenas pediram para permanecer até dia 23, para cumprirem o luto pela morte dos animais e das 4 mil árvores derrubadas pela construtora Tenda no começo de fevereiro.
“A decisão de manter nossa retirada da área nos entristece muito porque não conseguimos o diálogo para que nossos direitos sejam respeitados. O nosso direito religioso está sendo descumprido”, declarou Márcio Vera Mirim, liderança dos Guarani do Jaraguá.
A reintegração de posse vai contra os direitos dos povos indígenas por desrespeitar a Convenção 169 da OIT, que prevê consulta aos povos antes de qualquer intervenção que mexa com seus territórios e cultura.
“Estão construindo um empreendimento no lugar da reserva sem consultar os povos indígenas, não houve audiências públicas, estudo de impacto ambiental. Querem tirar os indígenas dali para dar lugar a um projeto imobiliário de alto padrão”, denúncia a ativista Rosa Eleutério.
A construção das torres imobiliárias está embargada mas é uma decisão temporária.