A qualidade do ar em Belo Horizonte atingiu níveis considerados nocivos desde a última segunda-feira (2), com previsão de manter-se crítica até o próximo sábado (7). A cidade está coberta por uma névoa de fumaça, resultado da combinação de poluentes atmosféricos e condições climáticas adversas. Especialistas alertam que a poluição atmosférica traz sérios riscos à saúde, especialmente para os grupos mais vulneráveis, como crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias.

Dados da empresa suíça IQAir revelam que a concentração de partículas finas (PM2.5) na capital mineira está cerca de 10 vezes acima do recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Entre segunda e quarta-feira (4), os níveis de PM2.5 variaram de 35,9 a 58,8 µg/m³, enquanto o limite máximo estipulado pela OMS é de 15 µg/m³. O pior momento ocorreu na madrugada de quarta, quando a qualidade do ar foi classificada como insalubre para toda a população.

Taciana Albuquerque, especialista em Ciências Atmosféricas da UFMG, reforça os impactos dessa poluição na saúde pública. Os sintomas mais comuns incluem olhos ardendo e dificuldades respiratórias, e a recomendação é evitar atividades ao ar livre, manter janelas fechadas e se hidratar. Grupos sensíveis devem ter cuidados redobrados durante o período de alta poluição.

Além do monitoramento internacional, a Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam) também detectou condições preocupantes. Estações de medição nos bairros Barreiro e São Gabriel apontaram índices de qualidade do ar entre 119 e 149 na terça-feira (3) e de 123 a 136 na quarta-feira (4), valores que indicam ar de qualidade ruim a muito ruim.

Além da poluição atmosférica, Belo Horizonte e outras regiões de Minas Gerais enfrentam um agravante: os incêndios florestais. Segundo o Corpo de Bombeiros, cerca de 60 hectares já foram destruídos pelas chamas, e o combate ao fogo segue intenso. As condições climáticas, marcadas por altas temperaturas e baixa umidade, têm dificultado o controle dos incêndios. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta vermelho para várias cidades, incluindo Uberlândia, onde a umidade relativa do ar caiu abaixo de 12%.

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Agosto registrou um número recorde de focos de incêndio no estado. Com 2.488 ocorrências, foi o mês com o maior volume de incêndios em 13 anos, resultando em uma média de 80 focos por dia, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O aumento expressivo de incêndios neste ano só é superado por 2010, quando o estado enfrentou 3.634 focos. A maioria desses incêndios, conforme o INPE, é causada por atividades humanas, como a limpeza de pastos e até atos de vandalismo.

O Corpo de Bombeiros também informou que, de janeiro a agosto de 2024, foram registrados 14 mil incêndios em Minas Gerais, um aumento de 50% em comparação com o mesmo período do ano passado. Aproximadamente 4.000 hectares de áreas de preservação foram devastados. As autoridades estão em alerta máximo, especialmente nas unidades de conservação, onde o combate às chamas é mais difícil e arriscado.

Os focos de incêndio se concentram em importantes reservas naturais, como os Parques Estaduais da Serra do Brigadeiro e do Itacolomi, além de áreas protegidas como a APA Rio Machado e o Monumento Natural Estadual Gruta Rei do Mato. As frentes de combate estão espalhadas por nove regiões, mas o avanço do fogo e as condições climáticas adversas continuam a desafiar os esforços das equipes.