Após mortes de Bruno e Dom, somente dois agentes da Força Nacional protegem servidores da Funai
Faltam viaturas, barcos e armamento adequado para que agentes possam realizar perseguições e flagrantes
Os constantes apelos e alertas dos indígenas e ribeirinhos sobre a necessidade de ampliar o efetivo de segurança na região amazônica onde foram assassinados o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips não foram ouvidos. Enquanto isso, em Atalaia do Norte (AM), acumulam-se relatos de ameaças e movimentações suspeitas. O local é dominado por infratores ambientais e narcotraficantes.
O número do efetivo da Força Nacional escalado para proteger funcionários da sede da Funai em Atalaia do Norte (AM) vem caindo drasticamente, como revela reportagem do Brasil de Fato. O primeiro contingente chegou no início de julho, um mês após os assassinatos. Depois, caiu para quatro agentes no começo de agosto. E então, restam apenas dois agentes no local.
Eles estão lá para proteger os servidores da Coordenação Regional, responsáveis por elaborar e colocar em prática os planos de fiscalização da Terra Indígena (TI) Vale do Javari, a segunda maior do Brasil. Segundo a reportagem, a quantidade de viaturas da Força Nacional também diminuiu.
“Em julho, servidores da Funai pagaram do próprio bolso uma balsa para levar três veículos até Atalaia do Norte (AM). Agora, não há homens suficientes para dirigir toda a frota. Duas viaturas estão paradas na sede antiga da Funai, aguardando serem enviadas de volta à Tabatinga (AM)”, diz trecho da reportagem.
A única viatura em atividade é levada para abastecer em um posto de combustível na cidade vizinha de Benjamin Constant (AM), um trajeto de 30 quilômetros de estrada. Quando isso acontece, os servidores trabalham totalmente expostos, sem qualquer segurança, conforme testemunhou a reportagem.
Após muita pressão de entidades que representam servidores, outras bases da Funai no interior da TI receberam – com atraso e infraestrutura insuficiente – agentes da Força Nacional. A reportagem perguntou às assessorias de imprensa do órgão indigenista e do Ministério da Justiça quantos homens foram enviados para cada instalação, mas não obteve resposta.
Faltam barcos e armas
Segundo agentes da Força Nacional ouvidos pela reportagem, faltam embarcações para atuar de maneira efetiva e realizar perseguições na área de cobertura. A Funai, alvo de desmonte, disponibilizou barcos, mas considerados de potência insuficiente. Eles também reclamaram a falta de armamentos adequados.
Ao Brasil de Fato, um agente da Força Nacional desabafou: “Fomos enviados sem logística nem estrutura nenhuma. Não conseguimos ter diálogo com a cúpula em momento nenhum. Buscamos um país melhor independente de bandeiras. Estamos aqui para trabalhar para todos sem desigualdades”.
Confira a reportagem completa, aqui.