
Após 27 anos de resistência, acampamento do MST em Minas Gerais conquista titulação de terra
Durante o ato, em Campo do Meio (MG), serão entregues mais de 12 mil lotes
Desde 1998, o Acampamento Quilombo Campo Grande, em Campo do Meio (MG), simboliza a luta pela terra no Brasil. Ocupada por 459 famílias, a área era parte da antiga Usina Ariadnópolis, que faliu sem garantir direitos aos trabalhadores. Diante da miséria, essas famílias passaram a cultivar a terra, desenvolvendo produção agroecológica e cooperada, com destaque para o Café Guaiì.

Mesmo sob ameaça constante de despejos – foram mais de 11 ao longo dos anos –, a comunidade se mantém firme, sem o uso de transgênicos ou agrotóxicos. A Escola Popular de Agroecologia Eduardo Galeano, demolida em 2020 durante um despejo, foi reconstruída e se tornou símbolo dessa resistência.
Agora, após 27 anos de luta, o Quilombo Campo Grande está prestes a alcançar uma conquista histórica: a titulação definitiva da terra. O governo federal reconhece a legitimidade da ocupação e dá um passo importante para garantir segurança jurídica às famílias, consolidando a reforma agrária na região.

Nesta sexta-feira (7), o presidente Lula da Silva participa do Ato Nacional em Defesa da Reforma Agrária no acampamento, acompanhado de ministros, parlamentares e apoiadores. Durante o evento, serão anunciadas ações do Programa Terra da Gente, com a entrega de 12.297 lotes em 138 assentamentos pelo país, além da assinatura do decreto de desapropriação da Usina Ariadnópolis, oficializando a posse da terra às famílias que a cultivam há décadas.

Além disso, serão assinados decretos de desapropriação por interesse social, portarias para criação de assentamentos, contratos de renegociação de dívidas do Desenrola Rural e entregas do Programa Nacional de Crédito Fundiário. As medidas visam fortalecer a produção de alimentos, garantir investimentos para o desenvolvimento dos assentamentos e impulsionar a educação no campo.
A atividade será realizada na Escola Popular de Agroecologia Eduardo Galeano e deve reunir cerca de cinco mil pessoas, reafirmando o compromisso com a democratização do acesso à terra e a soberania alimentar no Brasil.