Após 14 anos de espera, o assassinato do líder comunitário José Maria Filho, o Zé Maria do Tomé, será julgado em júri popular nesta quarta-feira (9) no Fórum Clóvis Beviláqua, em Fortaleza. O ambientalista foi morto em abril de 2010, em Limoeiro do Norte, no Ceará, com 25 tiros. Ele era conhecido por sua luta contra a pulverização aérea de agrotóxicos na região, prática que representava riscos à saúde das comunidades locais.

Francisco Marcos Lima Barros, acusado de fornecer informações que facilitaram a emboscada, é o réu no julgamento. O Ministério Público do Ceará (MPCE) o denunciou por homicídio qualificado, destacando o motivo torpe e o uso de recurso que dificultou a defesa da vítima. A defesa solicitou o desaforamento do julgamento, que foi transferido de Limoeiro do Norte para Fortaleza para garantir maior imparcialidade.

Zé Maria era uma figura central em movimentos sociais da região, especialmente na luta pela redistribuição de terras na Chapada do Apodi e contra o uso de agrotóxicos. Em 2009, conseguiu que a Câmara Municipal de Limoeiro do Norte aprovasse uma lei proibindo a pulverização aérea de agrotóxicos, que foi revogada logo após sua morte. Em 2019, a luta do ambientalista foi reconhecida com a aprovação da Lei Zé Maria do Tomé, que proíbe definitivamente essa prática no Ceará.

O caso envolve outros cinco suspeitos, entre os quais Westilly Hytler Raulino Maia, apontado como autor dos disparos e já falecido, e João Teixeira Júnior, suposto idealizador do crime. Zé Maria chegou a registrar um boletim de ocorrência por ameaças que sofria antes de ser assassinado. As investigações revelaram uma rede de interesses contrária às denúncias do líder comunitário.