Por Claudia Naoum

Após um século, a França volta a sediar as Olimpíadas, e desde então, muita coisa mudou. Se em 1924 as mulheres representavam menos de 5% dos atletas participantes, hoje elas constituem praticamente a metade – no Brasil, são a maioria, compondo 55% da delegação.

E se há 100 anos não se falava em atletas que fugiam da heterocisnormatividade, hoje já há um número, até agora, definido: são 144 atletas assumidamente LGBTQIAPN+, segundo o site OutSports.

Esse número revela que sim, há uma crescente inclusão da diversidade nos esportes, mas ele ainda é pequeno se comparado ao número total de atletas presentes em Paris este ano, que gira em torno de 10.500 pessoas.

Isso nos faz questionar se existe um espaço verdadeiramente respeitoso, e mais do que isso, acolhedor, para as pessoas que assumem publicamente sua sexualidade e gênero nos esportes.

É preciso coragem

Um estudo de 2019 feito pela German Sport University Cologne com mais de 5.000 atletas europeus revelou que 90% consideram a homofobia e a transfobia como um problema atual nos ambientes esportivos.

Já uma pesquisa mais recente, a “Out on the Fields”, realizada em 2020 com 9.500 atletas (heteros/homo/bissexuais e cis/transgêneros), apontou que 80% dos atletas já testemunharam ou vivenciaram homofobia nos espaços esportivos.

Vale lembrar que, do total de corajosos atletas a se assumirem publicamente, a grande maioria são mulheres. Apenas 18 atletas olímpicos masculinos afirmaram que fazem parte da comunidade LGBTQIAPN+. Isso também é um reflexo da misoginia dentro da arena esportiva.

Casa do Orgulho

O COI (Comitê Olímpico Internacional) já há algum tempo vem se posicionando contra qualquer discriminação relacionada a gênero e sexualidade, e neste ano, em Paris, o evento contará com a Casa do Orgulho. Segundo os organizadores, trata-se de um espaço seguro e acolhedor para todos: apoiadores, atletas e aliados LGBTI+. O objetivo é celebrar a diversidade e garantir sua visibilidade com um programa de atividades comemorativas, culturais e educacionais durante todo o período dos Jogos.

Sendo um evento multidesportivo internacional, as Olimpíadas têm grande responsabilidade sobre a inclusão e a promoção de atletas LGBTQIAPN+. É uma plataforma de extrema visibilidade e influência que permite promover mudanças no cenário global esportivo.

Nenhum atleta deveria sofrer preconceito, perseguição e discriminação por conta de seu gênero ou sexualidade, e se assumir publicamente não deveria afetar sua carreira esportiva. Nas Olimpíadas de Tóquio 2020, disputada em 2021, houve um avanço nesses números e, em Paris, isso se mantém, mas ainda há muitas ações a serem feitas em prol de uma maior diversidade em todas as modalidades.

Que Paris, a Cidade das Luzes, seja exemplo de inclusão, iluminando também todas as cores da bandeira LGBTQIAPN+.

Para ver a lista dos atletas LGBTQIAPN+, clique aqui

Com informações do COI e OutSports