Antes da Copa: o que foi o Primeiro Mundial de Mulheres na China
Há 35 anos, a Fifa realizava um experimento para ver se valia a pena o investimento na competição feminina
Por Giovanna Miranda
A Copa do Mundo de Futebol Feminino chega à sua 9ª edição, mas você sabia que, há 35 anos, a Fifa realizou um experimento para ver se valia a pena investir no futebol das minas?
Tudo começou com o Torneio Experimental de 1988, um evento-teste que aconteceu em Cantão, a 3ª maior cidade da China e teve a participação de 12 países, entre eles nossa querida terra Brasil.
A Seleção Brasileira era composta por atletas que atuavam, principalmente, nos times do Radar-RJ, Juventus-SP e Brahma-BA. Jogadoras conhecidas como Sissi, Cebola e Michael Jackson deram o nome (e gols) neste Mundial.
Se até hoje o futebol feminino ainda enfrenta adversários fora de campo, naquela época a desconfiança e principalmente a escassez de investimento ditavam a regra do jogo.
A falta de estrutura era tão absurda que as atletas disputaram o torneio usando o uniforme do time masculino e caneleiras improvisadas de papelão. Pode isso, Arnaldo? Além de, entre uma partida e outra, lavarem a vestimenta no chuveiro e ajustarem o caimento da roupa por conta própria.
Os jogos
O Brasil teve grandes momentos em campo e ficou em 3º lugar no Torneio. Foi derrotado na semifinal pela Noruega, time que seria campeão do “experimento”, por 2 a 1.
Na fase de grupos, o jogo entre brasileiras e tailandesas ficou marcado pela goleada do Brasil por 9 a 0. Destaque para a atacante Cebola, autora de 4 gols.
Na disputa por um lugarzinho no pódio e assistido por 35 mil pessoas, a seleção empatou com as donas da casa por 0 a 0. A decisão foi para os pênaltis e aí é teste para cardíaco. Com direito a defesa da goleira Simone, em sua única partida, o Brasil venceu a China e marcou seu lugar no futebol.
A torcida chinesa compareceu em massa aos estádios. O público total foi de 400 mil pessoas.
Pioneira
Apesar dos perrengues, o campeonato também revelou o talento de uma mulher preta dentro de uma cobertura jornalística de um esporte majoritariamente branco e masculino. Isso porque os registros e fotos da nossa seleção no Mundial da China só foram possíveis graças à única repórter brasileira a participar da cobertura do evento, Claudia Silva Jacobs. Estudante de jornalismo, a carioca de 22 anos era estagiária do Jornal dos Sports e acompanhou as canarinhas durante toda a competição.
Para quem quiser saber mais sobre a história do I Torneio Internacional de Futebol Feminino através do olhar de Claudia Jacobs, o Museu do Futebol, em parceria com a plataforma Google Arts and Culture, realiza a exposição virtual “Primeiro mundial de mulheres na China: memórias da jornalista Claudia Silva, única brasileira na cobertura do torneio”.
É só acessar o link do Museu do Futebol e Exposição Virtual.
Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube