A goleira da África do Sul, que é destaque em seu país, se apoiou na música para superar a Covid-19

Foto: Lefty Shivambu/Gallo Images

Por Thammy Luciano

Antes da partida de quinta-feira (27), que resultou no empate entre África do Sul e Argentina, por 2 a 2, a seleção sul-africana chegou ao Forsyth Barr Stadium cantando. Entre as atletas que comandam os vocais, está Andile Dlamini, goleira que lutou pela vida após complicações da Covid-19 e encontrou, na música, o incentivo para retornar aos gramados. Aos 30 anos, ela está entre as melhores goleiras do país.

Nascida em Johanesburgo, África do Sul, aos 12 anos, Andile Dlamini descobriu seu amor pelo futebol e passou a jogar com uma equipe feminina. Antes de atuar como goleira, jogou como lateral, zagueira e atacante, mas foi entre as traves que se destacou. Com o passar dos anos, ela viu a possibilidade de seguir no esporte. “Eu sentia a dor de perder o campeonato, ganhar torneios e a sensação de estar me expressando através do esporte e aprendendo sobre as oportunidades que o futebol pode criar.”, contou a goleira em entrevista ao The South African.

Em 2011, Andile foi convocada, pela primeira vez, para defender a Banyana Banyana e ganhou mais espaço no cenário do futebol feminino sul-africano. Além da seleção, Dlamini defende o Mamelodi Sundowns, um dos maiores times do país. Em 2021, a equipe conquistou a Liga dos Campeões Africana e Andile foi eleita a melhor goleira do campeonato. No ano seguinte, na seleção da África do Sul, ela esteve no time que venceu o Marrocos e levou a Copa das Nações da África. Na ocasião, Dlamini também foi premiada como a melhor goleira da competição.

Foto: Ryan Wilkisky/BackpagePix

Ganhar a Copa das Nações trouxe maior visibilidade para a equipe nacional e os torcedores passaram a apoiar a seleção sul-africana.  “Mais reconhecimento, mais respeito, mais amor das pessoas.”, disse Andile, em entrevista à BBC Sport África. A defensora da seleção também reconhece que, apesar dos avanços no futebol feminino no país, ainda é necessário lutar pela equidade no esporte. “É isso que eu quero ver mudando. Conseguir mais patrocinadores no futebol feminino para que as meninas também possam ganhar a vida com uma carreira no futebol”, declarou a goleira.

Estar de volta aos gramados e ser  uma das melhores goleiras da África do Sul é uma conquista pessoal para Andile, que quase desistiu do esporte, após passar por complicações causadas pela infecção da Covid-19.

Em 2020, no auge da pandemia, Dlamini contraiu o coronavírus e, durante o processo de recuperação, a jogadora descobriu que havia desenvolvido problemas cardíacos. A goleira ficou quase seis meses longe dos gramados e confessou, à BBC, que achou que perderia a vida. “Houve um tempo em que pedi à minha mãe: ‘Mamãe, deixe-me ir, estou cansada.’”, contou a atleta.

Reencontro

Foi durante sua recuperação que a goleira agarrou-se à arte e se redescobriu. Quando achou que não poderia mais jogar futebol e que sua vida chegaria ao fim, Andile Dlamini buscou forças na música. Essa paixão surgiu, ainda na infância, quando Dlamini frequentava a igreja onde sua avó era pastora e tinha contato direto com a música gospel. Foi ali, vendo sua mãe cantar nas celebrações, que ela aprendeu a gostar da música.

Em entrevista ao Kickoff, em 2018, quando ainda não imaginava a luta que enfrentaria, Andile falou sobre o amor pela música e o desejo em interpretar canções que levam mensagens às pessoas, podendo promover o futebol feminino para as novas gerações. “Através da minha música, posso tornar o futebol popular. Posso criar muitas oportunidades para as meninas.”, disse Dlamini.

Hoje, a goleira sul-africana reconhece que a música foi extremamente importante para sua cura. Por meio da arte, ela conseguiu encarar o período mais doloroso de sua vida e de sua carreira. Andile investiu no meio musical e já lançou dez músicas. Ela vê a carreira de cantora como uma alternativa, mas o futebol permanece sendo sua principal atividade.

Recuperada e imersa, novamente, no mundo da música, Dlamini celebra a vida e anima o vestiário da seleção sul-africana com sua voz. Ao lado das companheiras de equipe, um verdadeiro show é dado antes das partidas do Mundial de 2023.

Esta é a segunda Copa do Mundo Feminina da qual a seleção sul-africana participa. A equipe, que soma uma derrota e um empate, está em terceiro lugar na classificação do Grupo G e conquistou um ponto, assim como a Argentina. A África do Sul entra em campo, na próxima quarta-feira (02), pela terceira rodada da fase de grupos, às 4h, contra a Itália, vice-líder do grupo.

Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube