Alucina, Peru! Estão abertos os Jogos Pan-Americanos
Uma das marcas desse Pam já promete ser a participação de atletas mulheres e a visibilidade feminina esteve presente em vários momentos da cerimônia.
Por Júlia de Lannoy / PanAmericanas
Começaram, oficialmente, os Jogos Pan-Americanos Lima 2019! Na noite de ontem (sexta, 26), atletas das 41 delegações participantes desfilaram pelo Estádio Nacional de Lima representando seus países em uma cerimônia emocionante, de mais de três horas de duração. A abertura teve direito a show do cantor porto-riquenho Luis Fonsi, entrada ovacionada da delegação sede e inúmeras homenagens às mulheres peruanas e pan-americanas.
“Alucina, Peru!” foi o nome escolhido para a cerimônia de abertura do Pan 2019, o maior evento esportivo já recebido pelo país. Se a idéia era compartilhar com o mundo parte da história e da cultura do país sem deixar esquecer suas origens, os peruanos, sem dúvida, saíram campeões dessa noite! Logo no início, a recitação de um poema nos 49 idiomas falado no território deu uma noção da diversidade de povos que formam o país, e do orgulho que os peruanos têm de sua miscigenação. A civilização Inca foi lembrada em diversos momentos da festa, em referências à história e à ancestralidade do Peru, como na projeção da Constelação da Lhama no monte de vinte metros de altura construído no centro do palco — símbolo dos Andes peruanos.
La Marinera dividiu espaço com outras danças típicas do país, e 1700 artistas ajudaram a compor a celebração com acrobacias e música. Homens e mulheres vestidos de ponchos com estampas dos 41 países participantes interpretavam a cultura americana, convidando todas as nações a entrarem nos Jogos.
Mulheres no Pan
Uma das marcas desse Pam já promete ser a participação de atletas mulheres e a visibilidade feminina esteve presente em vários momentos da cerimônia. Centenas de mulheres estiveram no palco, exaltando também a moda, o artesanato e a gastronomia peruana. A projeção de Chabuca Granda acompanhou a voz da cantora e compositora usada para a montagem de um lindo dueto com o tenor Juan Diego Flórez, um dos momentos mais marcantes da noite. Alexandra Grande, karateca, foi a responsável por proferir o juramento dos atletas, prometendo manter o espírito esportivo e respeitar as regras dos Jogos Pan-Americanos, honrando as equipes e o esporte como um todo. Outra grande responsabilidade, a de acender a pira pan-americana, foi dada a Cecilia Tait, ex-jogadora de vôlei e medalhista olímpica, uma merecida homenagem à histórica Geração de Prata peruana.
Nesse ritmo de valorização das mulheres no esporte, a delegação brasileira teve, pela primeira vez, mãos femininas carregando a bandeira do país, e, fugindo um pouco do protocolo, foi a única e entrar com duas porta bandeiras. Kahena Kunze, velejadora campeã olímpica e mundial, entrou no estádio carregando a também velejadora, e igualmente campeã, Martine Grael nos ombros, surpreendendo a todos e provocando fortes aplausos dos milhares de presentes. Os 110 atletas que desfilaram pelo Brasil foram reflexo do espírito dos Jogos e do nosso próprio povo: muita animação, com direito a dancinha coreografada e ola quando já estavam acomodados na arquibancada.
O encerramento da noite ficou por conta do porto-riquenho Luis, Fonsi, intérprete do fenômeno mundial Despacito, talvez o único momento da cerimônia onde o foco principal não tenha sido a cultura peruana. Ainda assim, uma ótima escolha, por se tratar de um cantor latino e um dos principais difusores da língua espanhola em contexto mundial, nos últimos anos.
No fim, a abertura dos Jogos Pan-Americanos Lima 2019 não deixou nada a desejar. Pelo contrário, as três horas de evento contagiaram não só pelo clima de amizade e solidariedade que pode despertar o esporte, mas pelo reconhecimento e sincera exaltação de um povo alegre e acolhedor, cuja cultura, apesar de inúmeras particularidades, reflete muito do que é a formação e a história dos povos americanos.