Por Priscila Oliveira para a Cobertura Colaborativa NECParis2024

Aline Furtado, uma das promessas da paracanoagem brasileira, está prestes a fazer sua estreia nos Jogos Paralímpicos de Paris. A atleta brasiliense descobriu o esporte em 2021, durante um processo de reabilitação no Hospital Sarah, em Brasília. Foi nesse momento que Aline teve seu primeiro contato com a paracanoagem e, desde então, sua trajetória tem sido de superação e autodescoberta.

Para Aline, a paracanoagem não é apenas uma modalidade esportiva, mas também uma ferramenta poderosa de autoconhecimento. “A paracanoagem, para mim, não foi apenas uma modalidade esportiva, mas um fator de autoconhecimento,” revelou Aline. Ao mergulhar no esporte, ela encontrou na água a força necessária para se redescobrir e desabrochar seu potencial. Antes de se envolver com a paracanoagem, Aline passou anos tentando se ajustar a padrões de normalidade que, como ela mesma admitiu, não refletiam sua verdadeira essência.

Agora, em Paris, Aline se prepara para representar o Brasil em um dos maiores palcos do esporte mundial, levando consigo a determinação e a esperança de todos os brasileiros que acreditam em seu potencial.

Um acidente que mudou tudo

 Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília

Aos 18 anos, Aline sofreu um grave acidente automobilístico que resultou em uma paraplegia incompleta, com fratura na primeira vértebra da lombar e compressão da medula, afetando seus membros inferiores. Foi nesse contexto que ela se aproximou da paracanoagem.

Com o início na paracanoagem, Aline encontrou uma nova perspectiva sobre si mesma, descobrindo força e propósito na prática do esporte

O Desafio da dupla jornada

Além de atleta, Aline é servidora pública do Distrito Federal, o que exigiu dela uma disciplina e organização excepcionais para conciliar as responsabilidades profissionais com o rigor dos treinos. “Quando você está se preparando para os Jogos, muda a sua vontade, muda a sua motivação, muda a sua entrega“, conta. A preparação para os Jogos Paralímpicos não se trata apenas de treinos intensos; é uma oportunidade de explorar seus próprios limites e redefinir o possível.

Apesar de estar há pouco tempo na paracanoagem, Aline já acumula títulos importantes, como os campeonatos sul-americanos e pan-americanos. Agora, ela se prepara para o maior desafio de sua carreira: competir nos Jogos Paralímpicos. “Esses títulos me deram repertório para poder participar dos Jogos Paralímpicos”, explica Aline, reconhecendo o valor de suas conquistas anteriores na construção de sua confiança e habilidades.

Aline Furtado, garantiu a classificação após competir em maio, na Hungria, com o apoio do Compete Brasília. “O Compete sempre esteve presente na minha trajetória esportiva”, conta. “O programa é importantíssimo para o fortalecimento do esporte local, e a gente sempre tem a tranquilidade de poder contar com ele” relata Aline ao Jornal Agência Brasília (link)

Expectativas para os jogos

Os Jogos Paralímpicos Paris 2024, a ansiedade e a emoção só aumentam. Aline sabe que os desafios em Paris são enormes, mas está pronta para enfrentá-los. Para ela, os Jogos não são apenas uma competição, mas uma afirmação de sua força e resiliência. “A Paracanoagem não é simplesmente um deslize do barco sobre a água, é um deslize do barco entre as suas águas, é você se conhecer, se identificar”, reflete. Sua mensagem para os torcedores brasileiros é clara: persistência e determinação são fundamentais, independentemente das dificuldades que se apresentem. 

Aline vai competir nos dias 06, 07 e 08 de setembro, na prova KL3 no Feminino, enfrentando algumas das melhores paratletas do mundo A equipe de paracanoagem feminina do Brasil também conta com grandes talentos como Débora Benevides, Adriana Gomes e Mari Santili, cada uma com sua própria história de superação e talento, todas unidas pelo mesmo desejo de representar o Brasil com garra e determinação.

Paracanoagem

 Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência

Segundo o Comitê Paralímpico do Brasil, a canoagem paralímpica foi criada em 2009 pela Federação Internacional de Canoagem, com o primeiro campeonato mundial realizado em 2010, na Polônia, contando com a participação de atletas de 31 países. Desde então, o evento ocorre anualmente. A ICF (International Canoe Federation) é a entidade global responsável pela modalidade, enquanto, no Brasil, a gestão é realizada pela Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa).

A modalidade é aberta a atletas com deficiência físico-motora de ambos os sexos. A estreia da canoagem paralímpica nos Jogos Paralímpicos aconteceu no Rio 2016, com provas de caiaque em velocidade de 200 metros. A partir dos Jogos de Tóquio 2020, outras distâncias e provas de canoa foram adicionadas. Os atletas são classificados funcionalmente com base na movimentação dos membros inferiores, superiores e do tronco. As categorias KL são para competidores em caiaque, enquanto a categoria VL é destinada a quem utiliza canoa.

Aline de Oliveira está em Paris com a expectativa de não apenas conquistar uma medalha, mas também demonstrar sua força e resiliência. Sua trajetória de vida ilustra que é possível superar adversidades e alcançar sonhos, por mais distantes que possam parecer. Como representante do Brasil nos Jogos Paralímpicos, Aline carrega consigo a esperança e o orgulho de milhões de brasileiros que torcem pelo seu sucesso nas águas parisienses.