Por Graziella Albuquerque, da Cobertura Colaborativa NINJA na COP26

Contrariando a fala do ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, na COP26, onde disse que “o futuro verde do Brasil já começou”, dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), nesta sexta-feira (12), relatam que no mês de outubro a Amazônia Legal teve uma área de quase 877 km² sob alerta de desmatamento, novo recorde, com uma alta de 5% em relação a 2020.

Os alertas foram feitos pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), que produz sinais diários de alteração na cobertura florestal para áreas maiores que 3 hectares (0,03 km²) – tanto para áreas totalmente desmatadas como para aquelas em processo de degradação florestal (por exploração de madeira, mineração, queimadas e outras).

Durante a COP26, negociadores seguem detalhando medidas para evitar a crise climática. Dentre as promessas do Brasil, o país se comprometeu em acabar com o desmatamento ilegal até 2030. A posição do país tem sido de ignorar completamente a realidade que ocorre em todo o território nacional, que infelizmente não se encontra somente dentro da Amazônia, todos os biomas vêm sofrendo com o avanço das queimadas e desmatamentos ilegais desde o início do governo Bolsonaro.

Em entrevista ao G1, Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, disse que “os números trazem a verdade do que está acontecendo no Brasil, não adianta vir aqui na conferência assinar papéis e fazer discursos, enquanto que no chão da floresta, que é o que interessa pras emissões brasileiras e na agenda de clima do Brasil, o desmatamento continua extremamente alto. Esse número inclusive é recorde histórico de desmatamento. Os números desmentem todo o discurso que o ministro do meio ambiente trouxe até agora aqui.”

Para o Observatório do Clima, a imagem criada pelo Brasil para se apresentar na COP26 é totalmente contrária à realidade que se encontra o país.

“Em casa, porém, é que reside o tal ‘Brasil real’ de que tanto fala o ministro Joaquim Leite: um país que desmontou as políticas de combate ao desmatamento, maior causa de emissões de gases de efeito estufa, que gastou centenas de milhões de reais em operações militares inócuas e que tem ao menos cinco projetos de lei no Congresso que anistiam o roubo de terras, acabam com o licenciamento ambiental e ameaçam as terras indígenas, barreiras mais eficazes contra a devastação”, diz o Observatório do Clima.

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