Além das chuteiras: a trajetória de Antônia, a segunda potiguar a ser convocada em uma Copa do Mundo
Conheça a história de uma jovem apaixonada por futebol que se tornou estrela internacional
Por Grace Ketly Barbosa da S. Lima
Muito provavelmente, você nunca ouviu falar de um município localizado a cerca de 425 km de distância da capital potiguar, com um pouco mais de 4 mil habitantes, chamado Riacho de Santana. Mas, com certeza, vai conhecer sua habitante mais ilustre da atualidade, Antônia Ronnycleide da Costa Silva ou simplesmente Antônia.
Zagueira de 29 anos do clube espanhol da primeira divisão Levante UD está disputando pela primeira vez a Copa do Mundo FIFA 2023, sendo a única representante do Rio Grande do Norte convocada para a Seleção Brasileira. Antônia se torna apenas a segunda jogadora potiguar a disputar o torneio Mundial, após 24 anos. Antes dela, apenas a atacante potiguar Suzana jogou o Mundial, em 1999, nos Estados Unidos.
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Infância e a Descoberta do Talento
Antônia deu os primeiros passos no esporte, como muitos atletas do futebol no nosso país, independente do gênero, nas quadras de futsal, em jogos interclasses em Riacho de Santana. Quando passou a estudar na Escola Estadual Professora Maria Angelina Gomes, disputou os Jogos Escolares do RN (Jerns), sendo bicampeã invicta do futsal feminino, nos anos de 2007 e 2008.
Em entrevista ao G1 RN o primeiro técnico dela, Jandeilmo Cleidson, mais conhecido por Cleidão falou “Ela se destacava e muito. Muito nova já, desde criança, já demonstrava um potencial acima da média. E não era tão comum nessa região meninas jogarem bola. Ela começou a despontar jogando entre os meninos e se sobressaía”.
Os primeiros passos no esporte vieram através do pai Edilson Silva. À medida que ia crescendo, seu amor pelo esporte também aumentava, trocando a área da sua casa por um campinho de terra, até chegar ao ginásio da cidade. Em relato ao G1 RN o irmão Roniédson afirma:
“Todos os dias ela estava lá. Todo dia eu precisava ir lá atrás dela pra ir pra escola, porque ela queria passar o dia todinho nesse ginásio”. O irmão também contou da importância do pai no apoio a Antônia no esporte predominantemente masculino. “Meu pai sempre conta que não faltava gente dizendo pra ele: “Ó sua menina ali no meio dos meninos, só joga com os meninos’. Não faltava gente reclamando. Ela não tinha muita menina pra brincar e sempre jogava mais os meninos aqui na quadra. Mas meu pai nunca deu ouvidos”.
O caminho rumo à profissionalização
Após as conquistas estaduais pela escola que estudava em Riacho de Santana, em sua adolescência Antônia recebeu um convite para estudar em uma escola particular em Natal. No período que morou lá, defendeu o time de futsal do ABC. Infelizmente em seu próprio estado não conseguiu se profissionalizar. O Rio Grande do Norte não possui uma cultura ou oportunidades no futebol feminino. Em 2016, mudou-se para São Paulo onde sua mãe morava para conquistar melhores oportunidades.
Após o destaque numa escola, foi convidada pela Portuguesa Tiger, seu primeiro time profissional de futsal em São Paulo. Antônia é uma das atletas da seleção com a carreira profissional mais curta devido ao fato de migrar do futsal para futebol de campo em 2016, quando fechou contrato com a Ponte Preta. Já em 2017, recebeu sua primeira convocação para Seleção Brasileira.
Este ano, após mais de seis anos como atleta profissional de futebol, Antônia disputa sua primeira copa. “É uma felicidade que eu não posso nem descrever. Desde pequena a gente sonha em estar aqui, representar o nosso país. E hoje poder estar vestindo essa camiseta é uma felicidade enorme. É realmente um sonho que foi alcançado”, disse a jogadora ao canal da CBF.
Zagueira por grande parte de sua trajetória profissional, ela está atuando como lateral-direita pela seleção. Antônia é uma das peças-chave da sólida defesa montada pela técnica Pia Sundhage. A Seleção Brasileira foi campeã da América em 2022 com 100% de aproveitamento e nenhum gol tomado. Vamos em busca da primeira estrela com a garra e o talento dessa grande atleta.
Com informações de G1 RN, Globo, IBGE e FNF.
Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube