Por Patrick Simão / Além da Arena

“Não era nem nos meus piores pesadelos a Copa que eu sonhava. Mas é só o começo. O povo brasileiro pedia renovação, está tendo renovação. Eu termino aqui, mas elas continuam”, disse Marta, após a eliminação do Brasil, em sua última Copa.


O Brasil se despediu da Copa com o sentimento de que poderia ter sido diferente. Após aplicar uma goleada sobre o Panamá (4×0) na estreia, o Brasil foi derrotado pela França (2×1), e chegou à última rodada precisando vencer a Jamaica. As caribenhas não sofreram gols na fase de grupos e tiveram grande evolução nos últimos anos. O Brasil não criou como poderia, empatou (0x0) e foi eliminado na 1ª fase.

Por um lado, é inevitável não questionar escolhas de Pia Sundhage neste ciclo, e lamentamos o resultado em uma Copa com maior estrutura para a delegação brasileira. Individualmente a Seleção poderia ter ido mais longe, mas não conseguiu aplicar sua vantagem taticamente no último jogo.

É preciso ressaltar: questões estruturais e/ou quanto ao desempenho da Seleção precisam melhorar. Quem acompanha e torce pelo futebol feminino (cada vez mais pessoas) fazem críticas pontuais, porque sabem que o Brasil pode muito mais.

Alguns legados dão esperanças para uma nova era – que já começou. O ciclo dos últimos 4 anos prezou pela renovação de geração, algo que foi concluído em partes. Ary Borges ganhou protagonismo, Debinha cresceu muito e foi a principal referência dos últimos anos. Bia Zaneratto e Geyse jogaram com mais experiência, Letícia brilhou na defesa e seguirá brilhando. A evolução e a margem de crescimento são enormes.

Foto: FIFA

Estas jogadoras têm Marta como ídola e puderam jogar ao lado de quem acompanharam e foram encorajadas quando mais novas. Se hoje o futebol feminino brasileiro tem uma maior estrutura de delegação, calendário nacional e base, audiência, investimento e engajamento, muito disso passa pela geração de Marta, Cristiane e Formiga.

Por fim, obrigada por tudo, Marta! Sabemos que o final foi diferente e lamento que se despeça da Copa com este sentimento. Você se despede como legado, referência e símbolo para mulheres que hoje têm mais oportunidades para representarem o Brasil nas quatro linhas.

Foto: CBF