Ainda tem muita emoção nesta Copa do Mundo: não é e nunca foi só sobre futebol
Futebol é liberdade, como já disse Bob Marley, e, na prática, liberdade é poder ir atrás do que você quer
Futebol é liberdade, como já disse Bob Marley, e, na prática, liberdade é poder ir atrás do que você quer
Por Paula Cunha
Acabou o sonho do Brasil nessa Copa. Foi triste, eu fiquei desolada, vários dias chateada, mas foi bonito ver a Jamaica comemorando a classificação. Cedella Marley também se emocionou e falou com as jamaicanas após o jogo: ’’Eu senti como se meu coração fosse sair do meu peito (…) Estávamos todas pulando e gritando em comemoração’’. Cedella é filha de Bob Marley e foi responsável por ajudar a seleção a arrecadar dinheiro para conseguir participar da Copa da Oceania. Lorne Donaldson, técnico da Jamaica, disse após a vitória, que estava sentindo uma das melhores sensações que já teve na vida e que iriam comemorar com cerveja, bem como nós brasileiros faríamos.
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Jamaica e Marrocos (seleção estreante) se classificaram para as oitavas de final. E, embora a seleção do país do rei do reggae não tenha conseguido passar pela Colômbia e o Marrocos não tenha superado a força francesa, a campanha de ambas é motivo de orgulho para seus torcedores.
Já a bicampeã mundial Alemanha, segunda no ranking da Fifa e única a vencer tanto a Copa feminina quanto a masculina, se despediu na fase de grupos. Essa é a Copa das zebras? Por que não? A Itália foi desclassificada no mesmo dia em que o Brasil e a campanha da Alemanha foi parecida com a nossa: goleando no primeiro jogo, perdendo no segundo e empatando no terceiro. Mais uma prova de que a colocação no ranking é só sobre números: o Brasil estava em oitavo lugar e a Jamaica no quadragésimo terceiro. A campanha da seleção jamaicana foi melhor e isso é prova de que na Copa não tem jogo ruim.
Mas, mesmo assim, ainda pode doer pensar em futebol, principalmente quando vejo Valentina Bandeira dizendo na Cazé Tv: ’’Tinha que, pelo menos, ter ido até às quartas’’. Minha mente começa a vagar entre comentários que ouvi: ’’Técnica que faz uma escalação diferente pra cada jogo é boa?’’ ‘’Ela sabe o que tá fazendo?’’. Digo pra mim mesma: ’’Não pensa mais nisso’’ e me consolo com o comentário de Nathalia Ferrão em Marrocos x Colômbia: ’’Copa do Mundo é isso: o mínimo de erro, o máximo de concentração’’. ‘’A Alemanha também demorou pra mexer no time…’’
Quando o jogo do Marrocos acabou, as jogadoras ficaram esperando o resultado de Coréia do Sul e Alemanha, tinha até celular no meio do campo. Assim que as marroquinas souberam do resultado começaram a pular, gritar, se abraçar, levar a mão à cabeça e até se ajoelhar. O técnico Reynald Pedros, eleito o melhor do mundo em 2018, chorava, e Benzina, a jogadora marroquina que usa hijab, enxugava suas lágrimas no uniforme. Raony Pacheco narrava na Cazé Tv: ‘’Isso é o futebol, isso é o esporte que tanto amamos. Não existe o impossível, existe um trabalho, existe um foco’’. O Marrocos vem investindo desde 2009 no futebol feminino.
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‘’O que a gente traz no papel, o que a gente anota antes, o que a gente imagina, especula e projeta pode acontecer? Pode, mas a grande verdade é que quando a bola rola lá dentro na Copa, tudo muda(…)Tem que jogar futebol ou vai ficar pelo meio do caminho’’, disse Casimiro na transmissão que a Alemanha foi eliminada. Futebol é liberdade, como já disse Bob Marley, e, na prática, liberdade é poder ir atrás do que você quer. Seja o seu país iniciante ou tradicional no esporte, sempre dá pra se emocionar e se surpreender. E bem que a França podia rodar, né?
Fontes: Cazé Tv, Globo, Dibradoras, Fifa, Africanize Oficial
Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube