Na noite desta quarta-feira (30), o cinema brasileiro celebrou sua maior festa: o Prêmio Grande Otelo 2025, promovido pela Academia Brasileira de Cinema. Realizada na Cidade das Artes Bibi Ferreira, no Rio de Janeiro, a cerimônia teve apresentação de Barbara Paz e Isabel Fillardis e foi transmitida ao vivo pelo Canal Brasil e pelo YouTube. E se a festa foi plural, a consagração teve nome certo: Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, que arrebatou 13 estatuetas e entrou para a história como uma das maiores vitórias de um único longa na premiação.

Baseado no livro autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva, o filme venceu nas principais categorias: Melhor Longa-metragem Ficção, Melhor Direção, Melhor Atriz (Fernanda Torres), Melhor Ator (Selton Mello) e Melhor Roteiro Adaptado, além de categorias técnicas como Direção de Fotografia, Montagem, Som, Trilha Sonora, Maquiagem, Direção de Arte, Figurino e Efeitos Visuais.

A atriz Fernanda Torres emocionou o público ao recordar a trajetória internacional do longa e a conexão profunda com o Rio de Janeiro: “Ainda Estou Aqui começou no Rio de Janeiro e me sinto muito realizada tendo dado a volta ao mundo com Walter, Selton, com o filme, com Eunice para estar aqui hoje, de volta. Eu estou muito feliz de ir para casa com o Grande Otelo!”

O filme, que reconstrói a vida de Eunice Paiva após o desaparecimento forçado do marido, Rubens Paiva, durante a ditadura militar, reafirma o papel do audiovisual como instrumento de memória e denúncia. Exibido com aclamação em Berlim, Toronto e Cannes, Ainda Estou Aqui consolidou a força do cinema brasileiro em arenas internacionais, culminando no inédito Oscar de Melhor Filme Internacional em março deste ano.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, aproveitou o momento para destacar o impacto cultural e econômico da produção audiovisual para o Brasil. “Conquistas como a de Ainda Estou Aqui são prova de que vale a pena investir na cultura. Quando o poder público cumpre seu papel, o talento floresce e o Brasil brilha lá fora com histórias que nascem aqui”, afirmou.

O prêmio de Melhor Primeira Direção de Longa-Metragem foi para Pedro Freire, por Malu, que também venceu como Melhor Roteiro Original e rendeu a Juliana Carneiro da Cunha o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante. Na categoria de Melhor Ator Coadjuvante, quem levou foi Ricardo Teodoro, por sua atuação em Baby.

No universo das séries, Senna, da Netflix, venceu como Melhor Série Brasileira de Ficção e rendeu o troféu de Melhor Ator ao protagonista Gabriel Leone. Já Adriana Esteves foi reconhecida por sua performance intensa em Os Outros. Falas Negras e Irmão do Jorel venceram nas categorias de documentário e animação para TV, reafirmando o valor da diversidade de formatos e temáticas no audiovisual brasileiro.

A presidente da Academia, Renata Almeida Magalhães, lembrou o marco simbólico de 2025: “Fizemos um golaço em pleno Carnaval. E para ser justo com Waltinho (Walter Salles), foi um gol de Garrincha”, brincou, ao destacar o Oscar histórico do Brasil.

A cerimônia prestou homenagens aos marcos do cinema brasileiro no mundo, das conquistas do Cinema Novo aos festivais internacionais. Produções recentes como O Último Azul e O Agente Secreto também foram celebradas, assim como a histórica trajetória da LC Barreto Produções Cinematográficas.

As apresentações musicais ficaram por conta da banda Primavera nos Dentes, com a voz potente de Duda Brack, em números que revisitaram clássicos do nosso cinema como “O que é que a baiana tem”, “Bye Bye Brasil” e “É preciso dar um jeito, meu amigo”.

Lista completa de vencedores – Prêmio Grande Otelo 2025

Melhor Longa-metragem Ficção: Ainda Estou Aqui, de Walter Salles
Melhor Longa-metragem Documentário: 3 Obás de Xangô, de Sérgio Machado
Melhor Longa-metragem Animação: Arca de Noé, de Sérgio Machado e Aloís Di Leo
Melhor Longa-metragem Infantil: Chico Bento e a Goiabeira Maravilhosa, de Fernando Fraiha
Melhor Longa Ibero-Americano: Grand Tour (Portugal), de Miguel Gomes
Melhor Direção: Walter Salles, por Ainda Estou Aqui
Melhor Primeira Direção de Longa: Pedro Freire, por Malu
Melhor Atriz de Longa: Fernanda Torres, por Ainda Estou Aqui
Melhor Ator de Longa: Selton Mello, por Ainda Estou Aqui
Melhor Atriz Coadjuvante: Juliana Carneiro da Cunha, por Malu
Melhor Ator Coadjuvante: Ricardo Teodoro, por Baby
Melhor Direção de Fotografia: Adrian Teijido, ABC, por Ainda Estou Aqui
Melhor Roteiro Original: Pedro Freire, por Malu
Melhor Roteiro Adaptado: Murilo Hauser e Heitor Lorega, por Ainda Estou Aqui
Melhor Montagem: Affonso Gonçalves, ACE, por Ainda Estou Aqui
Melhor Efeito Visual: Claudio Peralta, por Ainda Estou Aqui
Melhor Som: Laura Zimmerman e Stéphane Thiébaud, por Ainda Estou Aqui
Melhor Direção de Arte: Carlos Conti, por Ainda Estou Aqui
Melhor Figurino: Claudia Kopke, por Ainda Estou Aqui
Melhor Maquiagem: Marisa Amenta e Luigi Rochetti, por Ainda Estou Aqui
Melhor Trilha Sonora: Warren Ellis, por Ainda Estou Aqui
Melhor Série de Ficção (TV/Streaming): Senna – Temporada Única
Melhor Série Documental (TV/Streaming): Falas Negras – 4ª temporada
Melhor Série de Animação (TV/Streaming): Irmão do Jorel – 5ª temporada
Melhor Atriz em Série: Adriana Esteves, por Os Outros
Melhor Ator em Série: Gabriel Leone, por Senna
Melhor Curta-metragem Ficção: Helena de Guaratiba, de Karen Black
Melhor Curta-metragem Documentário: Você, de Elisa Bessa
Melhor Curta-metragem Animação: A Menina e o Pote, de Valentina Homem e Tati Bond
Voto Popular: Milton Bituca Nascimento, de Flavia Moraes