Agente laranja: Pecuarista usa agrotóxico e destrói área do Pantanal do tamanho de Campinas
Claudecy Oliveira Lemes acumula R$ 5,2 bilhões em autuações por danos ao meio ambiente no Pantanal desde 2019
O pecuarista e agora investigado Claudecy Oliveira Lemes, do município de Barão de Melgaço, em Mato Grosso, bombardeou durante diversos voos agrotóxicos com a substância 2,4-D sob uma camada de floresta do Pantanal do tamanho da cidade de Campinas, durante três anos. Além de aniquilar a vegetação nativa, o fazendeiro expulsou dezenas de famílias de uma área e 80 mil hectares. O objetivo era abrir pastagem para o gado.
Segundo a Secretaria do Meio Ambiente de Mato Grosso, o fazendeiro usou 25 agrotóxicos diferentes, um deles tem a substância 2,4-D. O professor Wanderlei Pignati, da Universidade Federal do Mato Grosso, diz que é a mesma presente na composição do chamado agente laranja, utilizado como arma de guerra pelo Reino Unido e Estados Unidos durante invasões a países asiáticos. O tóxico tem poder para impedir o crescimento permanente de folhas, por exemplo.
O desfolhamento químico, como é conhecido esse método, resultou em extensas áreas cinzas na paisagem do Pantanal, com árvores totalmente despojadas de folhas. A aplicação indiscriminada causou contaminação do solo, da água e da vegetação, colocando em risco não apenas o ecossistema local, mas também a saúde humana.
A gravidade do caso levou as autoridades a intervir, e as propriedades de Claudecy Oliveira Lemes estão agora sob a administração de uma empresa designada pela justiça. Enquanto as investigações prosseguem, Lemes enfrenta acusações que incluem desmatamento ilegal, uso indevido de agrotóxicos e poluição ambiental, entre outros crimes.
Este não é o primeiro caso envolvendo o pecuarista. Já réu em dois processos anteriores por crimes semelhantes, Lemes acumula autuações por danos ao meio ambiente no Pantanal desde 2019. As multas resultantes de suas atividades ilegais chegam a quase R$ 5,2 bilhões, incluindo valores para recuperação da vegetação degradada.
Além do próprio Lemes, as autoridades buscam responsabilizar outras pessoas envolvidas no esquema.
*Com informações do Fantástico