
Advogada trans morta em 2020 dá nome a prêmio LGBT no Mato Grosso do Sul
Alanys Matheusa foi primeira advogada trans negra de seu estado
O nome de Alanys Matheusa, primeira advogada trans negra do Mato Grosso do Sul e morta em 2020, agora está eternizado na primeira premiação do poder público voltada a pessoas LGBTQIAPN+ daquele estado. A medalha se tornou lei após a aprovação do projeto de autoria do vereador Jean Ferreira (PT – Campo Grande) e foi entregue na última sexta-feira, 27, um dia antes do Dia Internacional do Orgulho LGBT+.
Para Jean, o reconhecimento é apenas o início de um novo ciclo de defesa da dignidade de uma parcela da população. “A medalha é importante para mostrar o papel que essas pessoas desempenham na sociedade, tirá-las da invisibilidade e reconhecer sua contribuição, mas para além dela, também defendemos políticas públicas”, destaca o vereador.
Atualmente, Jean tem se esforçado para que a primeira Casa de Acolhimento de Mato Grosso do Sul saia do papel. O projeto tem como objetivo a criação de um espaço para pessoas LGBTQIAPN+ em situação de vulnerabilidade, sobretudo as que foram expulsas de suas casas devido à orientação sexual ou identidade de gênero. O vereador tem articulado, junto à deputada federal Camila Jara (PT), a viabilidade de recursos para que o poder público inaugure o espaço.
O vereador também tem defendido a criação do Conselho Municipal LGBTQIAPN+, um órgão para tratar de políticas públicas voltadas à comunidade e fiscalizar sua execução. “Campo Grande tem índices muito altos de violência contra a comunidade, tanto física quanto psicológica, o que torna imprescindível a criação de um Conselho que vai fiscalizar, propor e encaminhar demandas”, afirma Jean.
Premiação inédita

A Medalha Alanys Matheusa foi entregue em sessão solene realizada na Câmara Municipal. É a primeira vez que uma entidade do poder público em Mato Grosso do Sul – no caso, a Câmara Municipal – realiza uma premiação para homenagear a diversidade sexual e de gênero.
Foram ao todo 58 indicações, sendo que cada um dos 29 vereadores tinha direito a homenagear duas pessoas. Com a abstenção de parte da Câmara, foi possível que os vereadores indicassem individualmente um número maior do que as duas homenagens iniciais. A mesa foi presidida por Jean Ferreira e teve como secretário o vereador Beto Avelar (PP).
Além de Jean e Avelar, os vereadores que indicaram personalidades a serem homenageadas foram Carlão (PSB), Dr. Victor Rocha (PSDB), Flávio Cabo Almi (PSDB), Júnior Coringa (MDB), Landmark Rios (PT), Luiza Ribeiro (PT), Maicon Nogueira (PP), Marquinhos Trad (PDT), Professor Juari (PSDB), Professor Riverton (PP), Ronilço Guerreiro (Podemos) e o presidente Papy (PSDB).