A renomada poeta mineira Adélia Prado foi anunciada nesta quarta-feira (26/6) como a vencedora do prestigiado Prêmio Camões, o mais importante reconhecimento da literatura em língua portuguesa.

O reconhecimento chega apenas uma semana após ela ter recebido o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras (ABL), que também homenageia autores pelo conjunto de sua obra.

“Estava ainda comemorando o recebimento do Prêmio Machado de Assis, da ABL, e agora estou duplamente em festa”, escreveu Adélia em um texto divulgado à imprensa. “Descobri ainda que a experiência poética é sempre religiosa, quer nasça do impacto da leitura de um texto sagrado, de um olhar amoroso sobre você, ou de olhar formigas trabalhando. O transe poético é o experimento de uma realidade anterior a você. Ela te observa e te ama”, acrescentou, repetindo um depoimento dado à revista Poesia Sempre em 1997.

Segundo um estudo realizado por Rogério Tavares, ex-presidente da Academia Mineira de Letras (AML), e publicado na revista da instituição, Adélia é irmã do primeiro frade franciscano de Divinópolis (frei Antônio do Prado), integrou a Ordem Terceira de São Francisco de Assis na cidade e chegou a assinar publicações com o pseudônimo “Franciscana”.

A escolha de Adélia rompe uma tradição do Prêmio Camões, que costuma alternar entre escritores brasileiros, portugueses e de países africanos lusófonos. A vitória da mineira ocorre apenas dois anos após outro mineiro, o crítico literário Silviano Santiago, ter sido selecionado para o mesmo prêmio.