Juventude quer viver: nossa luta é pelo povo no poder. Esse é o lema do IV Acampamento do Levante Popular da Juventude, que acontece de 14 a 17 de novembro de 2024 no Rio de Janeiro (RJ). A expectativa é reunir quatro mil jovens de todo o Brasil para debater a realidade e as demandas da juventude brasileira. O evento é totalmente gratuito e aberto ao público, que deve se inscrever através do Sympla.

O evento acontece oito anos depois do III Acampamento do Levante, em um cenário político diferente, como explica Daiane Araújo, da Coordenação Nacional do Levante Popular da Juventude: “Nesse período tivemos uma conjuntura de ataque às forças populares e uma agenda que afetou os direitos e a vida da juventude, que hoje está evadindo do ensino médio e superior para ocupar os piores postos de trabalho. É muito importante incidir nessa conjuntura, com o Governo Lula, para influenciar a agenda política do governo a favor da juventude”.

Assim, o encontro tem o objetivo de organizar a juventude para pautar a retomada dos direitos que foram perdidos nos governos Temer e Bolsonaro e avançar em mais conquistas. “Queremos contribuir no acúmulo de forças da classe trabalhadora organizando a juventude e pautando a ampliação da nossa conquista de direitos. Que essa nova conjuntura seja um marco da transformação de vida da juventude”, projeta Daiane.

Foto: Mídia NINJA

Hip Hop, Cultura e Organização da Juventude

Um dos diferenciais do Levante são as formas de mobilizar a juventude utilizando a cultura como uma ferramenta de denúncia social e organização. Neste acampamento, acontece a edição nacional do Brota no Acampa, uma batalha nacional de rimas com rappers e MC’s de todo o Brasil que venceram as seletivas estaduais. “O Brota no Acampa reivindica essa ocupação do espaço da periferia e expressa a relação da juventude negra e periférica com essa forma de fazer cultura e de se organizar através dela”, reforça a militante.

Além do Brota no Acampa, a programação do IV Acampamento conta com mesas de debates estratégicos e uma programação descentralizada, que explora temas diversos como cultura, saúde, educação, trabalho, meio ambiente e segurança. Também estão previstas a mostra científica e as oficinas, que se relacionam com a produção e as formas que a juventude usa atualmente para captar renda, socializar e desenvolver habilidades. Além disso, o acampamento contará com apresentações culturais de artistas locais e nacionais.

Foto: Mídia NINJA

Nascido em 2006 no Rio Grande do Sul, o Levante Popular da Juventude surge a partir da necessidade de organizar a juventude brasileira nos diferentes lugares onde ela se encontra: nas periferias dos grandes centros urbanos, nas escolas, institutos federais, universidades públicas e privadas e onde mais ela estiver. O Acampamento foi o formato escolhido pelo movimento para reunir os jovens e, a partir dele, impulsionar debates, rodas de conversa, oficinas, mostras e apresentações culturais.

Esse formato possui um simbolismo vinculado à uma forma de luta que os movimentos do campo possuem, a exemplo do MST, que é de acampar para conquistar direitos e transformar a realidade. O acampamento, segundo o movimento, é “um ensaio da sociedade que queremos construir, onde os acampados vivem uma experiência de imersão formativa.”

O movimento se nacionalizou em 2012 no seu I Acampamento, que reuniu 1300 jovens em Santa Cruz do Sul (RS) para marcar o nascimento da nova organização. Em 2014, o II Acampamento aconteceu em Cotia (SP), com três mil jovens do campo e da cidade com a meta de tornar o movimento uma organização de massas. Em 2016, o III Acampamento aconteceu em Belo Horizonte (BH), reunindo sete mil jovens que se comprometem com a luta contra o golpe e a ascensão do fascismo no Brasil.

Agora, quase oito anos após o último acampamento, depois de uma pandemia e quatro anos de um governo de extrema-direita, o Levante Popular da Juventude reúne jovens dos diferentes lugares do Brasil em busca de mais direitos para a juventude brasileira, desta vez no Rio de Janeiro.