Apesar de avanços ao redor do mundo desde a assinatura do Acordo de Paris, em 2015, ainda há muito mais a ser feito, constata relatório da ONU.

Lançada na última semana, a primeira edição do Global Stocktake (GST) ressalta que, atualmente, apenas US$803 bilhões anuais são direcionados para a ação climática – o que corresponde a 32% do investimento anual necessário.

Ao mesmo tempo, em média US$892 bilhões foram investidos em combustíveis fósseis por ano, e em média US$450 bilhões foram cedidos como subsídios anualmente em 2019 e 2020.

Segundo o documento “A ambição de mitigação das NDCs não é coletivamente suficiente para alcançar a meta de temperatura do Acordo de Paris”. NDC é a abreviação para “nationally determined contribution” que no português significa contribuição nacionalmente determinada, ou seja, são as metas de redução estabelecidas pelos próprios países.

Em junho, um relatório do Instituto Ambiental de Estocolmo (SEI) já havia alertado sobre falhas nas NDCs, já que quase metade dos documentos publicados desde 2019 incluía explícita ou implicitamente planos para manter ou aumentar a produção de combustíveis fósseis.

Extração de petróleo em alto mar. Foto: Agência Brasil

Levando em conta os anúncios na última COP, que ocorreu ano passado no Egito, a indicação é que a humanidade está rumo a um aumento de 2,4°C a 2,6°C na temperatura do planeta. Segundo a ONU, para limitar esse aumento, o principal passo seria escalar o uso de energia renovável e eliminar todos os combustíveis fósseis.

“É essencial desbloquear e realocar trilhões de dólares”, aponta a avaliação, que enfatiza que recursos significativos ainda subsidiam projetos de altas emissões e prejuízo a natureza, como é o caso dos combustíveis fosséis.

Stela Herschmann, especialista em política climática do Observatório do Clima, ressalta que o financiamento climático e a necessidade de aumentar os fluxos financeiros é hoje a principal fonte de atrito entre países desenvolvidos e em desenvolvimento nas negociações climáticas. “O relatório endossa conclusões que nem todos os países, principalmente os em desenvolvimento, devem concordar, como por exemplo a ideia de que que o setor privado deve vir como a principal fonte de capital para esse aumento”, comentou.

A publicação desse documento está prevista no Acordo de Paris, e este servirá de base para as discussões que os países irão fazer na próxima conferência do clima, que irá ocorrer em novembro em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.