Por Ketlen Gomes / PanAmericanas

Quarta-feira, o dia da semana em que boa parte dos brasileiros reserva para o futebol. O palco era um dos estádios da Copa de 2014, o grandioso e belíssimo Arena da Amazônia, em Manaus. O jogo, mesmo sendo 20 reais a entrada inteira e 10 reais a meia, não lotou o estádio, mas ainda assim levou torcedores fanáticos para ver Santos e Iranduba, em um clima familiar e alegre, pela série A do Campeonato Brasileiro Feminino.

Quem achou que o jogo seria feio, perdeu muita emoção. O primeiro tempo foi marcado com muitas tentativas de gol, ataques e contra-ataques dos dois lados, dava pra ver a tensão e a vontade de vencer das meninas. Mas, como diz o ditado “quem não faz leva”, e foi assim, o Santos abriu placar depois de bastante pressão e um escanteio, Gol de Gi. O jogo seguiu acirrado, mas o Hulk da Amazônia perdia muitas chances em passes errados e deixava o time paulista cada vez mais à vontade fora de casa. Gritos das torcidas, quase gol do Iranduba, duas vezes quase gol do Iranduba. Jogo quente, reclamações direcionadas ao juiz. Vez do Santos, vez do Iranduba, vez do Santos, passe de letra do Iranduba, mas logo depois um erro de passe, e na vez do Santos, o segundo gol sai aos 43 do primeiro tempo, Glaucia marca. Antes do intervalo, o Hulk ainda tenta uma última vez, aos 44, passe errado na cara do gol. Fim de primeiro tempo.

As jogadoras da casa voltam primeiro, minutos depois as sereias, e o jogo recomeça com uma substituição de cada lado. Primeiro lance de bola, a goleira santista quase deixa escapar a bola e parece que o Hulk vem com tudo para a virada. Para a tristeza da torcida local, só parece. Logo aos 5 minutos do segundo tempo, Ketlen, aclamada pela torcida santista, marca o seu. Terceiro gol das sereias. Por alguns minutos, Iranduba tenta atacar, chuta ao gol, mas sem muito alarmar a defesa santista, e em meio as tentativas do time amazonense, quase gol das paulistas. A verdade é que, o Iranduba parece perdido, quando alguma jogadora consegue dar uma arrancada para o contra-ataque o time não acompanha e elas perdem a bola. E o resultado não pode ser outro, pressão das sereias e gol, Sechor aos 24 minutos amplia para 4 o placar. A torcida santista vibra, mesmo em menor número, enquanto a torcida irandubense pede a saída do técnico. O Iranduba tenta algumas vezes, mas parece não ter voltado ao segundo tempo. Enquanto isso, Sole James, no ataque santista, comete falta e leva cartão. Sole James fica cara a cara com a goleira, que salva mais um. Aos 39 parece que o Hulk acorda, o jogo volta a esquentar, mas mesmo assim, não era a noite do poderoso da Amazônia. E aos 42, Sole James aparece novamente, dessa vez para concluir o que estava tentando fazer desde que entrou em campo, gol do Santos. Fim de jogo e mais uma goleada das sereias.

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A situação fica cada vez mais dramática para o Iranduba, que caiu para a décima posição, assim não se classificando para a segunda fase do Campeonato. O Hulk da Amazônia sofreu com muitas saídas de jogadoras do time, e aparentemente, não parece conseguir se recuperar e vive uma novela para a classificação, faltando apenas três jogos para o fim da primeira fase.

Do outro lado, as sereias já classificadas, vinham de duas vitórias seguidas e com direito a goleadas, assumiram a liderança do Campeonato. No entanto, nem tudo são flores, o time protagonizou mais um descaso ao futebol feminino, quando ao chegar em Manaus, o hotel estava reservado para o horário errado e as jogadoras e a comissão técnica tiveram que esperar no saguão do hotel, pois não haviam quartos disponíveis.

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A técnica santista, Emily Lima usou as redes sociais para mostrar o que estava acontecendo. Algumas jogadoras do time como Ketlen Wiggers também falou sobre o acontecido nas redes sociais, e outras atletas como Cristiane Roseira e Andressa Alves também saíram em defesa não apenas das sereias, mas do futebol feminino.

Infelizmente, enquanto casos como esse ainda acontecem, enquanto o futebol feminino não for levado com seriedade e investimento necessário, enquanto a imprensa nacional e local preferirem falar de qualquer coisa menos dar a visibilidade merecida aos jogos femininos, o cenário não vai mudar e continuaremos no quase. Quase estádio cheio, quase campeãs, quase salários iguais, quase.