Descubra quais as seleções com maiores dificuldades financeiras

Foto: Mao Siqian/Xinhua

Por Mariana Martins e Gabriela Nascimento

Com recorde na venda de ingressos, aumento de seleções participantes e grande ampliação dos recursos, a Copa do Mundo Feminina de Futebol, que está em sua nona edição, já é considerada a maior da história.

Quando se trata de futebol, mais investimentos significam mais títulos – essa é a conta básica. 

A seguir, os dois lados de uma mesma moeda: a seleção que não se preocupa em receber recursos e a luta, de tantas outras, por investimentos e patrocínio. 

Em 2019, antes da final entre Estados Unidos e Holanda, pela Copa do Mundo de Futebol Feminino, realizada na França, a jogadora norte-americana Megan Rapinoe, uma das estrelas do time, em entrevista, declarou. 

“Nossa Confederação é um exemplo quando se fala em financiamento da equipe. Acho que essa é a grande razão pela qual conseguimos ser tão bem-sucedidas e dominantes por todo esse tempo.”

A jogadora, ainda, brincou sobre ter que ser ´´money,money,money´´, o que não está de todo errado, já que os Estados Unidos venceu, por 2 a 0, a seleção da Holanda, na final, e recebeu sua quarta taça de Campeão da Copa do Mundo de Futebol Feminino. 

Esse seria um dos reflexos dos altos investimentos que os Estados Unidos fazem, desde a base até o profissional. Com uma equipe competitiva e preparada para ganhar títulos, já conquistou quatro Copas do Mundo e quatro Olimpíadas, sendo, ainda, a grande favorita para ganhar o Mundial deste ano. 

Foto: Robert Cianflone/Getty Images – Na foto, a jogadora norte-americana Megan Rapinoe

Apesar de haver algumas seleções com grandes investimentos, é preciso analisar o cenário de modo mais amplo. Mesmo com bons resultados e um time sólido, em 2019, a Seleção Nigeriana precisou lutar para conseguir patrocinadores e recursos. Na ocasião, as ´´Super Falcons´´, como gostam de chamadas, protestaram por salários não pagos. Naquela edição da Copa do Mundo de Futebol Feminino, a Nigéria perdeu para a Alemanha, nas oitavas de final, por 3 a 0. 

Existe, também, o caso da seleção da Jamaica, que, em 2019, teve corte no financiamento nacional da federação, tendo, assim, que contar com doações para chegar à França. No torneio mundial, o time saiu, ainda, na fase de grupos, com saldo de, somente, 1 gol feito e 12 gols sofridos. Neste ano, a seleção teve que fazer vaquinhas online para conseguir arcar com as despesas e chegar até o Mundial, que está sendo realizado na Nova Zelândia e na Austrália. Mesmo com os desafios encontrados, a seleção jamaicana comemora seu primeiro ponto, conquistado em uma Copa do Mundo, após empatar com uma das favoritas: a  seleção francesa.  

Há muitas novidades nesta edição do Mundial de Futebol Feminino, mas há, também, vários problemas que, ainda, se repetem. A seleção mais nova da Copa, o Haiti, passou por diversos obstáculos para conseguir chegar até a competição, dentre eles estão a pobreza do país, o baixo investimento no esporte feminino e muitos casos de assédio.  Por tudo isso, o time precisou treinar no país vizinho, a República Dominicana, e, mesmo com as dificuldades,  estreou dando trabalho à forte seleção da Inglaterra, destacando-se como uma grande surpresa.

O Brasil, em comparação com a seleção masculina, é uma das seleções que sofrem com baixo investimento e poucos patrocinadores. Neste ano, um alto investimento em preparação para os jogos foi conquistado pela seleção feminina, com voo fretado, delegação e equipes de saúde e performance. Os patrocínios também aumentaram. Além da empresa VISA, que patrocina diversas jogadoras, a Neoenergia, desde 2021, é patrocinadora exclusiva do time, situação que, até então, nunca tinha acontecido. Espera-se que esses investimentos resultem em títulos e, também, em uma boa campanha  para a seleção brasileira, que estreou ontem, no torneio. 

O futebol não é, somente, feito de talentos e habilidades, mas também de dinheiro, e seu poder é ainda mais significativo entre as seleções e times femininos do mundo todo. Com a valorização do esporte feminino, há a esperança de que surjam mais financiamentos, tanto para o time profissional quanto para o de base.   

Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube