A presença feminina na Feira do Livro de São Paulo e o protagonismo de suas narrativas como tema
A Feira do Livro proporcionou ao público o compartilhamento de experiências e representatividade de narrativas femininas e também LGBTQIA+.
A Feira do Livro de São Paulo, realizada entre os dias 26 de junho e 7 de julho no Pacaembu em São Paulo, proporcionou ao público, além de novidades literárias, mesas de debates com palestrantes de diferentes áreas do mercado, que abordaram a construção da comunidade leitora brasileira. Os painéis também foram um meio de aproximar os leitores dos autores brasileiros, que contaram um pouco de suas trajetórias pessoais e profissionais.
Confira os melhores momentos e os destaques dos convidados do evento:
Com o tema “Literatura Negra: Estar na Estante é o Bastante?”, o painel realizado em 3 de julho contou com a participação de Renato Gama e Waldete Tristão . Waldete, autora de “O Quintal das Irmãs” e ativista dos direitos da criança e questões raciais, compartilhou suas experiências de infância como uma criança negra e explorou as diversas rotinas familiares. Ao relembrar sua infância, trouxe à tona a figura de seu pai, destacando como sua presença foi marcante e moderna, o que suscitou um debate sobre o papel do pai na vida dos filhos.
Em uma conversa exclusiva com o FODA, a roteirista e escritora Bia Crespo discutiu suas motivações para criar livros com protagonistas sáficas. Ela refletiu sobre o início de sua carreira no audiovisual, as limitações da área, e como encontrou na literatura um meio para oferecer maior representatividade e romper com o clichê das narrativas LGBTQIA+. Bia é autora de obras como “Eu, Minha Crush e Minha Irmã” e “A Namorada do Meu Primo”, ambas destinadas ao público jovem adulto.
Enquanto isso, Carol Chiovatto concedeu um depoimento ao Planeta Ella sobre sua trajetória como defensora do protagonismo feminino. A autora comentou sobre como suas pesquisas de mestrado a levaram a colocar a magia e a mulher no centro de suas histórias, desafiando os estereótipos negativos associados à figura da bruxa.
A autora também discutiu a banalização do gênero fantasia, e a importância de escrever para gerar reconhecimento, independente da idade do público, ressaltando a importância do gênero para fugir do óbvio. Carol explicou que entende a fantasia como um modo de abordar a mulher e sua vida nos diferentes espaços que ocupa de uma maneira que possa interagir com outras realidades.
A mesa “Leitura Obrigatória”, que ocorreu em 04 de julho, contou com a participação da doutora em Letras pela USP, Fernanda Sousa, em um debate sobre a presença da literatura negra e feminina nas escolas, com ênfase em Carolina Maria de Jesus. Além de revisar a lista de leituras para o vestibular da qual participou, ela refletiu sobre o papel da literatura da mulher negra na cultura brasileira.
Ainda na mesma mesa, a mestre em Letras pela USP, Lara Rocha (@larasrochas), destacou a importância de Conceição Evaristo e da literatura negra na construção de sua identidade e no incentivo ao seu desejo de seguir a área das Letras. Assim, ela enfatizou a necessidade de incluir autores negros nos espaços escolares para abordar questões raciais e sociais com os jovens.
No bate-papo com a escritora do coletivo Escreva, garota!, Chris Baladão explorou a ideia de que a mulher pode trazer novas perspectivas para o mundo literário e como a escrita oferece oportunidades de libertação e transformação em um cenário de diversidade, agregando o olhar feminino como necessário para a construção de diferentes narrativas.
A quadrinista, tradutora e ilustradora Aline Zouvi compartilhou, em entrevista com o FODA, sua percepção como artista LGBTQIA+ e a forma como sempre busca resgatar isso em suas obras. Autora de, “Pigmento”, Aline busca transmitir representatividade e acolhimento para seus leitores, ao mesmo tempo que desconstruir os padrões do mercado.