Por Mariana Walsh 

Às mulheres, sempre foi reservado um lugar de submissão na sociedade. Foi só depois de muita luta que elas conquistaram espaços além do doméstico e passaram  a exercer papéis como trabalhadoras e cidadãs. No meio desportivo, isso não foi diferente. Desde as disputas do Olimpo na Grécia Antiga até os Jogos Olímpicos da Era Moderna, a participação feminina na busca pelo lugar mais alto do pódio nunca foi vista com bons olhos. Em 1900, elas conquistaram o direito de participar do principal evento esportivo do mundo, mas foi só 124 anos depois que a equidade de gênero foi alcançada.

Quando Pierre de Coubertin, um nobre francês, decidiu criar os Jogos Olímpicos da Era Moderna, a participação feminina não fazia parte da proposta. Assim, a primeira edição do torneio, que aconteceu em 1896, teve apenas homens na disputa. Apesar de seus esforços para mantê-las longe das competições, Stamata Revithi, uma jovem grega, competiu de forma extra-oficial na maratona. Ela completou o trajeto de 42 km no dia seguinte ao da competição, e foi apelidada de Melpomene, a musa grega da tragédia, pelos organizadores. Revithi foi a primeira a enfrentar as barreiras da sociedade patriarcal em busca da inclusão no esporte olímpico. 

Coubertin acreditava que uma Olimpíada com mulheres seria “impraticável, desinteressante, inestética e imprópria” assim como muitos na época. Entretanto, àquela altura, as mulheres já contribuiam para a economia de seus países, e estavam saindo do papel de passividade que comumente era associado a elas. A participação das mulheres no evento seria apenas uma questão de tempo. E assim foi. Em 1900, quatro anos após a primeira edição do torneio, elas fizeram sua estreia olímpica . Vinte e duas mulheres se tornaram as primeiras a disputarem os Jogos Olímpicos, que naquele ano ocorreu em Paris. Elas competiram no tênis, vela, croquete, hipismo e golfe.

A equidade de gênero no principal evento esportivo do mundo, entretanto, aconteceu a passos lentos e demorou 124 anos para se tornar realidade. Foi só na última década que o Comitê Olímpico Internacional (COI) passou a investir na promoção e no avanço do esporte feminino, buscando se envolver em projetos que tornem este espaço mais democrático. 

Na última edição dos Jogos Olímpicos, em Tóquio, a participação feminina foi recorde. Do total de atletas presentes na capital japonesa, 48,8% eram mulheres.

Agora, em Paris, no mesmo lugar onde elas conquistaram o direito de competir, elas irão alcançar a igualdade no jogo. A Olimpíada de Paris 2024 será a primeira a ter 50% de atletas homens e 50% de atletas mulheres na disputa das mais diversas modalidades. Uma conquista de todas, que começou com Revithi e atravessou milhares de outras, para ser legado às gerações futuras.