A luta por visibilidade do voleibol sentado no Brasil
Apesar do vôlei ser uma modalidade que vem crescendo no Brasil, o vôlei sentado continua com pouca visibilidade.
Por Analu Giraldi, para Cobertura Colaborativa #NECParis2024
Apesar do voleibol ter crescido significativamente no Brasil nos últimos anos, o voleibol paralímpico ainda enfrenta desafios para ganhar visibilidade. Por que há tão poucos investimentos? O que falta para que essa modalidade receba mais destaque?
Com o impacto dos Jogos Paralímpicos Rio 2016, o esporte paralímpico conquistou maior visibilidade no Brasil, permitindo que a população conhecesse melhor os atletas e as modalidades. No voleibol sentado, o Brasil se destaca internacionalmente: a seleção feminina conquistou bronze nas duas últimas edições paralímpicas, em 2016 e 2021, e foi campeã mundial em Sarajevo, em 2022. Agora, a equipe está em Paris, com foco no ouro.
No entanto, uma pesquisa de 2022 da Sponsorlink revelou que 87% dos brasileiros com mais de 18 anos têm interesse no vôlei. Então, por que, mesmo com o sucesso da seleção de vôlei sentado, essa modalidade ainda carece de visibilidade?
A cultura esportiva brasileira ainda carece de diversidade, e o esporte paralímpico carrega valores essenciais para a sociedade, como inclusão, acessibilidade e representatividade. A visibilidade é fundamental para dar voz aos atletas e tornar o esporte mais conhecido e apreciado. Comparado ao Rio 2016, tem sido necessário lutar para manter o espaço conquistado, quando deveria haver um esforço para ampliá-lo.
Quando atletas paralímpicos são reconhecidos, eles desafiam estereótipos e demonstram que o esporte é para todos. A visibilidade de suas conquistas pode inspirar outras pessoas a perseguirem seus próprios objetivos e realizarem seus sonhos. Além disso, o reconhecimento do esporte paralímpico como uma modalidade de alto nível contribui para a valorização dos atletas como profissionais que dedicam suas vidas ao esporte, promovendo a equiparação de oportunidades entre atletas olímpicos e paralímpicos.
A mídia desempenha um papel crucial nesse processo. Quanto mais exposição e visibilidade pública, maior o interesse por parte de patrocinadores e investidores, o que contribui para o desenvolvimento do esporte, incluindo melhorias nas condições de treinamento. Aumentar a visibilidade também pode resultar em mais investimentos em infraestrutura, programas de inclusão e incentivos para a prática esportiva. Isso beneficia não apenas os atletas, mas também a sociedade, mudando a percepção social e valorizando suas habilidades e conquistas.
O vôlei sentado no Brasil
Como publicado pelo NEC na matéria “Conheça o voleibol sentado: origem, evolução e características”, a história do vôlei sentado no Brasil começou um pouco tarde. Em 1980, o esporte já integrava oficialmente a programação dos Jogos Paralímpicos, mas só começou a ser praticado por aqui em 2002.
Em 2003, com a modalidade ganhando força, foi criada a Associação Brasileira de Voleibol Paralímpico (ABVP), convertida na atual Confederação Brasileira de Voleibol para Deficientes (CBVD) em 2012. Reconhecida pela World ParaVolley (WPV) e filiada ao Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), a CBVD atua na promoção do vôlei sentado, nacional e internacionalmente.
Nos Jogos Paralímpicos, a melhor colocação da seleção masculina foi o quarto lugar em 2016 e 2020. Por outro lado, a seleção feminina destacou-se com o bronze nas Paralimpíadas de 2016 e 2020, além de ter conquistado o título mundial em 2022. Em busca do primeiro ouro paralímpico, o Brasil ocupa uma posição de destaque internacionalmente e está preparado para lutar pela vitória.
Como aumentar a visibilidade?
Apesar do crescente interesse pelo vôlei sentado, muitos ainda desconhecem a modalidade ou não sabem como acompanhá-la, o que limita o apoio ao esporte. A falta de investimentos impacta diretamente os recursos disponíveis para a promoção de eventos e o apoio aos atletas, e a modalidade raramente recebe cobertura em canais de grande audiência, como a televisão aberta.
Para reverter esse cenário, é necessário um esforço conjunto da mídia, patrocinadores, organizações esportivas e governo. Investir em programas de desenvolvimento de base para jovens atletas é fundamental para aumentar o número de praticantes e o crescimento do esporte. Aumentar as transmissões ao vivo, produzir documentários, realizar entrevistas e criar conteúdos informativos e explicativos sobre o voleibol sentado são medidas cruciais. Além disso, iniciativas para que estudantes conheçam as regras e pratiquem a modalidade são importantes.
Competições locais, torneios regionais e eventos esportivos ajudam a construir uma base de fãs e promover o esporte. Esses eventos facilitam a criação de parcerias e campanhas de marketing, podendo contar com influenciadores para aumentar a conscientização sobre o voleibol sentado.
Essas são algumas das alternativas para aumentar a visibilidade do voleibol paralímpico, mas é importante lembrar que essa luta é coletiva. O apoio, a presença e o incentivo de todos são essenciais para o esporte crescer, ser mais valorizado e continuar transformando vidas.