Carlos Cano, Festivales Media, desde o México.

A América Latina é um continente marcado pelo movimento. Desde tempos ancestrais, os povos originários percorriam vastos territórios, tecendo redes culturais e comerciais.

Hoje, essa mesma pulsão por buscar novos horizontes persiste, mas agora impulsionada pela urgência da sobrevivência, pela fuga da violência ou pela busca de oportunidades em terras estrangeiras. A migração nesta região não é apenas um fenômeno demográfico; é um relato coletivo de desenraizamento, resistência e, em meio a tudo, esperança.

Milhões de pessoas cruzam fronteiras a cada ano, muitas vezes enfrentando perigos inimagináveis: desertos implacáveis, mares traiçoeiros, a sombra da xenofobia e a burocracia dos Estados que veem nelas apenas um número, não uma história. No entanto, por trás de cada jornada, há sonhos partidos e renovados, famílias separadas e reencontradas, identidades que se transformam ao ritmo de novos sotaques, comidas, sons e cheiros.

Esta série de textos, artigos, pesquisas e criações visuais busca dar plataforma a esses caminhantes invisíveis. Através de testemunhos, análises e reflexões, exploramos as causas profundas da migração, a desigualdade, a violência, o exílio político, as mudanças climáticas, a globalização, e seus efeitos nas sociedades de origem e destino. Mas também celebramos a resistência daqueles que, apesar de tudo, constroem lares no exílio, contribuem para novas comunidades e desafiam os limites da pertença.

Em um mundo onde os muros do fascismo, do ódio e da xenofobia se erguem mais altos do que nunca, as histórias dos migrantes latino-americanos nos lembram que a solidariedade e a humanidade compartilhada são os únicos caminhos possíveis.

Que migrar não é um delito, mas um direito ancestral a buscar uma vida digna.

Esta é uma provocação para compreender, para se comover e, sobretudo, para não desviar o olhar e não esquecer que, em algum momento da vida, fomos, somos e seremos MIGRANTES.