O 14º Animage – Festival Internacional de Animação de Pernambuco anunciou, nesta segunda-feira (7), os filmes vencedores da Mostra Competitiva. Este ano, 71 curtas, de 32 países, sendo 9 de realizadores brasileiros, competiram no circuito internacional do festival. O curta pernambucano “A Menina e o Pote”, de Valentina Homem e codireção de Tati Bond, foi escolhido como o Melhor Curta-Metragem pelo júri, levando o Grande Prêmio Animage.

“A Menina e o Pote” traz elementos da cosmologia indígena Baniwa e Yanomami para contar a história distópica de uma menina que redescobre as possibilidades do mundo através de um pote. A narrativa é contada com técnica de pintura sobre vidro, que realça a fluidez e a metamorfose da protagonista. Valentina trabalhou com colaboração da antropóloga indígena Francy Baniwa, para assegurar sua autenticidade cultural; a voz da narração em língua nheengatu (tupi) é de Francy.

“Por sua excelência narrativa, que através de uma animação orgânica, potente e hipnotizante, nos apresenta a urgência de novas relações com a natureza que nos contém”, observou o júri ao justificar a escolha do Melhor Filme que, além da estatueta, recebe prêmio em dinheiro no valor de R$ 4.000,00.

O curta também venceu o Prêmio ABCA Melhor Curta Brasileiro – Troféu Jeorge Pereira. O prêmio Jeorge Pereira, da Associação Brasileira de Cinema de Animação (ABCA), é uma parceria com o Animage desde 2018.

“A Menina e o Pote é um filme muito pessoal, feito a partir de um conto autobiográfico que escrevi e mergulha também no universo das cosmologias ameríndias, em busca de alento para o momento catastrófico que o planeta atravessa. Sentir o filme circulando em festivais e reverberando com o público, já é uma conquista incrível e me dá muita alegria. O reconhecimento dos júris com dois prêmios tão especiais e significativos no Animage reforçam a urgência do filme que, infelizmente, se tornou mais atual do que nunca ao nascer em um momento tão dramático de destruição das nossas florestas. Por isso, dedico os dois prêmios aos povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, a essas populações tão importantes quanto ameaçadas. Especialmente aos povos Baniwa e Yanomami, cujas narrativas foram essenciais para que o filme se tornasse o que é”, comentou Valentina sobre o reconhecimento.

Já o preferido pelo público, escolhido como melhor curta por meio de votação direta, foi “A Drifting Guitar”, da francesa Sophie Roze, vencedor na categoria Prêmio do Público. O Melhor Curta Brasileiro foi “Dona Beatriz Ñsîmba Vita”, de Catapreta. “Pelo uso de poderosas metáforas através de uma plasticidade ímpar, resgatando uma importante personagem histórica e estabelecendo um diálogo com a realidade brasileira contemporânea, o prêmio de melhor curta brasileiro vai para Dona Beatriz Ñsîmba Vita, de Catapreta”, anotou o júri sobre a escolha.

O júri oficial do Animage 2024 foi composto por Camila Kater (SP), Dandara Palankof (PE) e Fernando Galrito (Portugal). Já o júri da ABCA – Associação Brasileira de Cinema de Animação, foi composto por Marcos Buccini, Nathália Forte e Pricilla Maria.

Confira a lista completa de premiados:

Melhor Curta – Grande Prêmio ANIMAGE: A Menina e o Pote, de Valentina Homem, codireção de Tati Bond (Brasil)

Melhor Curta – Prêmio do Público: A Drifting Guitar, de Sophie Roze (França)

Melhor Curta Brasileiro: Dona Beatriz Ñsîmba Vita, de Catapreta (Brasil)

Melhor Curta Infantil: Lulina e a Lua, de Marcus Vinicius Vasconcelos e Alois Di Leo (Brasil)

Melhor Direção: Sopa Fria, de Marta Monteiro (Portugal)

Melhor Roteiro: Baghe Golabi, de Shadab Shayegan (Alemanha)

Melhor Direção de Arte: Our Uniform, de Yegane Moghaddam (Irã)

Melhor Técnica: JOKO, de Izabela Plucinska (Polônia)

Melhor Som: Poppy Flowers, de Evridiki Papaiakovou (Estônia)

Menção Honrosa – Curta-Metragem Brasileiro: Pária, Daniel Bruson (Brasil)

Prêmio ABCA Melhor Curta Brasileiro – Troféu Jeorge Pereira: A Menina e o Pote, de Valentina Homem, codireção de Tati Bond (Brasil)

Menções Honrosas ABCA: Guaracy, de Eliete Della Violla, Daniel Bruson (Brasil); Hoje Eu Só Volto Amanhã, Diego Lacerda e codireção de Luan Hilton, Chia Beloto, Marila Cantuária, Juliette Perrey, Marcelo Vaz, Yuri Shmakov, Raul Souza, Gio Guimarães, Gabriel de Moura e Rubens Caetano (Brasil)