Entre Tuira Kayapó e Casey Camp-Horenek, Daiara Tukano e Mihirang Maori, referências nacionais e internacionais da luta indígena, a Grande Assembleia da Aliança dos Guardiões da Mãe Natureza mostrou a força das mulheres indígenas a cada momento mais reconhecidas como grandes guardiãs guerreiras.

Tuira Kayapó, liderança emblemática na luta do movimento indígena Foto: Mídia NINJA

Da Mãe Natureza que protege o universo de todos os males e que pede por socorro, da mãe que gera em seu ventre os futuros guardiões da terra, é a mulher indígena que carrega em seu corpo as próximas gerações com um amor de mãe. São grandes guerreiras que lutam diariamente contra construção de barragens, contra o desmatamento, contra a mineração, contra governos golpistas e contra as inúmeras outras formas de violência sofridas pelos povos indígenas.
As mulheres guardiãs da floresta sempre foram grandes guerreiras em suas aldeias, e agora também estão ocupando espaços de decisão na militância indígena, assumindo protagonismo, sendo ouvidas e participando da linha de frente das lutas.

“Sempre existiram muitas mulheres firmes e combatentes, mas sempre em um nível interno, a gente exercia essa liderança dentro das aldeias. Agora, nos últimos tempos, estamos vindo para a linha de frente de todas as lutas, estamos assumindo protagonismo dentro do movimento como um todo. “

Sônia Guajajara e Juma Xipaia durante plenária da Assembleia Foto: Mídia NINJA

A Mãe Natureza é uma mulher guerreira como Juma Xipaia, que, aos 25 anos, é a primeira cacique mulher da aldeia de Tukamã (Altamira, PA):
“Quem não tem conhecimento não está aqui não é porque não quis, não estão aqui porque não sabem que esse encontro está acontecendo. Em um momento importante como esse, a gente não precisa excluir, a gente tem que integrar. Precisamos trazer a juventude, para que ela tenha compromisso em dar continuidade na luta dos mais velhos. (…) A luta de vocês também é minha, o meu filho também depende da luta que a gente está fazendo hoje. Não sou só eu quem tem filho, não sou só eu quem está preocupada com a terra, não é só o meu povo que precisa de demarcação. A PEC 215 não só prejudica o meu povo, prejudica todos nós e, principalmente, ameaça o futuro das crianças e dos que ainda vão vir. Há quantos anos estamos falando das mesmas problemáticas? Falando ‘não’ aos empreendimentos, levando tiro de borracha, pimenta na cara, tiro de verdade. Hoje, essa política do branco é uma política errada, eles negociam cargos de saúde e educação´, na saúde indígena brigam por cargos políticos e contratuais. Hoje, quem manda na nossa saúde, quem diz quem deve viver e morrer é esse governo errado. Chega de eleger branco! Chega de eleger político que vai na aldeia só tirar foto com as criancinhas, só para levar urnas nas aldeias e recolher nossos votos para depois negociar a nossa educação, a nossa saúde, os nossos territórios.”

A Mãe Natureza é uma mulher guerreira como Sônia Guajajara (MA), coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB):
“As mulheres estão em um momento muito especial, um momento que estão assumindo protagonismo na luta. Sempre existiram muitas mulheres firmes e combatentes, mas sempre em um nível interno, a gente exercia essa liderança dentro das aldeias. Agora, nos últimos tempos, estamos vindo para a linha de frente de todas as lutas, estamos assumindo protagonismo dentro do movimento como um todo. Nós cansamos de ficar esperando para que outras pessoas fizessem, começamos a dizer ‘nós fazemos aqui na aldeia e podemos ir para fora’. Muitas mulheres estão, hoje, à frente das lutas, seja em sua região ou em seu estado… Na Amazônia, por exemplo, temos, no Pará, no Amapá e no Maranhão, mulheres à frente no movimento indígena estadual. O momento é esse, assumir o protagonismo das lutas conforme somos, mulheres de força e de coragem.”