A libertação olímpica de Brittney Griner
Um ano e meio após ser condenada na Rússia, a pivô americana vence sua terceira medalha de ouro nos Jogos de Paris 2024.
Por Vitor Costa, para Cobertura Colaborativa Paris 2024
A Seleção feminina de basquete dos Estados Unidos venceu a França na final olímpica do basquete feminino pelo placar de 67 a 66, disputada no hoje na Arena Bercy em Paris. Com isso, as norte-americanas conquistaram a medalha de ouro diante as donas da casa no último dia das Olimpíadas de Paris 2024.
Com o triunfo, as americanas chegaram a marca de 40 medalhas de ouro conquistadas na atual edição dos jogos, superando a China que terminou como segunda colocada. Ao mesmo tempo, a equipe americana mantém o tabu de 32 anos sem perder em Jogos Olímpicos, a última derrota havia sido na edição dos Jogos de Barcelona em 1992, quando o Dream Team feminino na ocasião acabou conquistando a medalha de bronze.
A medalha de ouro não significa apenas aumentar a dinastia norte-americana do basquete profissional em Olimpíadas, tanto no masculino, assim como no feminino, mas também representa um sabor especial para uma de suas atletas, a pivô Brittney Griner, de 33 anos.
Tudo porque em fevereiro de 2022 a atleta norte-americana viveu um drama pessoal quando foi presa na Rússia por contrabando de drogas, após os agentes da imigração terem encontrado cápsulas de óleo de canábis, a substância é permitida em alguns estados americanos, principalmente para fins medicinais, no caso de Grinner para tratar dores crônicas, enquanto na Rússia o uso e consumo é proibido.
Na ocasião, Brittney que estava de férias das suas atividades na WNBA, a liga feminina dos Estados Unidos, para jogar pela equipe UMMC Ekaterimburg, na Rússia, para manter o ritmo de competição e ganhar mais dinheiro. Estratégia a qual vinha adotando desde o ano de 2014, conforme noticiou à época pelo site GE.GLOBO.
A partir dali Brittney uma mulher negra, lésbica e atleta profissional, se tornaria personagem central de um momento delicado momento na geopolítica múndia. Tudo porque sua prisão aconteceu no momento de extrema tensão entre a Rússia e os Estados Unidos, por conta da invasão russa à Ucrânia.
A atleta inclusive chegou a ser condenada a nove anos de prisão, o que gerou protestos da NBA, a liga de basquete profissional masculina, e da WNBA, a liga de basquete americana, que emitiram uma nota em conjunto classificando a prisão pela justiça russa como “injustificável e infortuna”.
O presidente americano Joe Biden afirmou à época a jornalistas que a prisão de Brittney era algo “inaceitável”, e ainda apelou que o governo russo libertasse a jogadora presa injustamente.
A troca de prisioneiros e a libertação no fim de 20223
Após dez meses na prisão o alívio aconteceu para Brittney, após meses de negociações do governo dos Estados Unidos, com o Governo da Rússia, a atleta foi finalmente liberta, sua libertação foi concedida em troca da transferência do traficante de armas russo Viktor Bout, procurado pelo governo russo, que estava preso em território americano naquele período, conforme mostrou a matéria no site da BBC Brasil.
Lançamento de livro e a volta às quadras
Após a libertação, Brittney voltou aos treinamentos pela equipe o Phoenix Mercury, que disputa a atual temporada da WNBA. Ao mesmo tempo, a atleta prepara o lançamento do seu livro de memórias batizado como “Coming Home” (voltando para casa), escrito com Michelle Burford. Onde relata a experiência traumatizante dos meses em que ficou presa em solo russo.
Durante entrevista concedida a rede de televisão americana ABC no mês de abril, a atleta revelou que chegou por um momento a pensar em suicídio diante o período difícil em que viveu na prisão. (…) “Tínhamos aranhas em cima da minha cama fazendo ninhos, (…) meus dreadlocks começavam a congelar e ficavam molhados e frios, então eu ficava molhada e doente” (…), desabafou em entrevista.
Passado a tempestade, Brittney celebra não somente a conquista de sua terceira medalha olímpica conquistada hoje em Paris, assim como a volta às quadras em alto nível, mas agora a nove vezes melhor jogadora do All-Star Game, se prepara para um novo papel: o de ser mãe. Pois ela e sua esposa Cherelle Grinner se preparam para ser pais de um menino, o casal anunciou a gravidez no mês de abril. O bebê nasceu no dia 8 de julho, e recebeu o nome de Wash, a notícia do nascimento foi dada pela própria Grinner no dia 20 de julho em entrevista ao canal esportivo CBS Sports, conforme noticiado pelo jornal americano The New York Times.