A 9ª edição da Copa do Mundo de Futebol Feminino começou! Veja como foi cada torneio, desde seu surgimento até 2023

Seleção Brasileira em 1988 (Reprodução / CBF)

Por Patrick Simão, do Além da Arena

A primeira edição ocorreu em 1991, porém, em 1988 foi realizado um evento teste, na China, chamado Invitations Cup. O torneio reuniu 12 Seleções, de todos os continentes. O Brasil jogou com a equipe base do Radar (RJ), principal equipe da época, e ficou em 3º lugar, ao vencer a China nos pênaltis. A Noruega foi campeã, ao superar a Suécia na final por 1 a 0.

1991

Com o sucesso do torneio, a FIFA criou a primeira Copa do Mundo para três anos mais tarde, também em solo chinês. O torneio foi chamado de Copa M&M, devido ao seu patrocínio, e novamente reuniu 12 equipes, mantendo o regulamento da Invitations Cup (3 grupos com 4 times, quartas de final, semifinal e final).

O dia 16 de novembro foi histórico para o futebol: acontecia o primeiro jogo de uma Copa do Mundo feminina, entre China e Noruega, após longos 61 anos da 1ª Copa masculina. O torneio teve 99 gols em 26 jogos e Michelle Akers, dos Estados Unidos, foi a artilheira com 10 gols. Em um grupo difícil, o Brasil estreou vencendo o Japão, mas na sequência caiu para Estados Unidos e Suécia, se despedindo na 1ª fase. As estadunidenses foram campeãs, vencendo a Noruega na final, por 2 a 1. A Alemanha ficou em 3º, ao bater a Suécia por 4 a 0.

Estados Unidos comemorando o título em 1991 (Foto: Fifa)

Em 1995 a competição foi realizada na Suécia, novamente com 12 participantes. O Brasil parou na primeira fase, vencendo as anfitriãs na estreia e sendo superadas por Alemanha e Japão. Vice-campeã na primeira edição, a Noruega foi campeã em 95, vencendo os Estados Unidos por 1 a 0 na semifinal e a Alemanha por 2 a 0 na decisão. As estadunidenses completaram o pódio ao vencer a China por 2 a 0. A norueguesa Ann-Kristin Aarønes foi a artilheira com 6 gols, em mais uma Copa com 99 gols.

Norueguesas comemorando a Copa de 1995 (Foto: FIFA)

1999

A Copa de 1999 mudou o patamar da Seleção Brasileira, 20 anos após ser revogada a proibição do futebol feminino no país. O torneio foi sediado nos Estados Unidos e contou com 16 equipes pela primeira vez. Na primeira fase, as brasileiras golearam o México por 7 a 1, venceram a Itália por 2 a 0 e empataram com a Alemanha em 3 a 3. Nas quartas, superaram a Nigéria por 4 a 3. O Brasil parou apenas na semifinal, caindo por 2 a 0 para os Estados Unidos, e ficou em 3º ao superar a Noruega nos pênaltis, após empate em 0 a 0.

As anfitriãs se sagraram bicampeãs, ao empatar com a China em 0 a 0 e triunfar nos pênaltis. O torneio teve 123 gols em 32 jogos. Duas jogadoras dividiram a artilharia com 7 gols e a bola de ouro: a chinesa Sun Wen e a brasileira Sissi, primeiro destaque internacional brasileiro e que abriu portas para a geração dos anos 2000.

Sissi artilheira da Copa de 1999, com 7 gols (Fot, o: FIFA)

A Copa de 2003, novamente nos Estados Unidos, foi a primeira de Marta e Cristiane pela Seleção, iniciando um histórico ciclo da Seleção Brasileira. Na primeira fase, o Brasil goleou a Coreia do Sul e Noruega e empatou com a França. Nas quartas, caiu para a Suécia por 2 a 1.

Após eliminarem o Brasil, as suecas venceram o Canadá por 2 a 1 e foram à final. Na decisão, enfrentaram a Alemanha, que havia eliminado os Estados Unidos na outra semi, por 3 a 0. Na final, melhor para a equipe alemã, que venceu por 2 a 1. Entre as campeãs, destaque para Birgit Printz, artilheira com 7 gols. Ao todo, o torneio teve 107 gols em 32 jogos.

Alemanha comemorando o título de 2003 (Foto: FIFA)

A Copa de 2007 seria inicialmente realizada na China, porém a sede mudou para os Estados Unidos sob a justificativa da Síndrome respiratória aguda grave que ocorria no país. O torneio contou novamente com 16 times. A Copa foi protagonizada pela já melhor do mundo Marta. A brasileira, junto com uma forte geração brasileira, fez campanha histórica.

Na primeira fase, a Seleção foi irretocável, com 10 gols marcados e nenhum sofrido, contra Nova Zelândia, China e Dinamarca. Nas quartas, o Brasil derrotou a Austrália por 3 a 2. A semifinal foi diante das anfitriãs, já bicampeãs do torneio. No duelo mais recente, meses atrás, o Brasil havia goleado as estadunidenses na final do Pan, por 5 a 0. Na semifinal da Copa o roteiro se manteve e o Brasil goleou por 4 a 0.

Na decisão, as brasileiras enfrentaram a Alemanha, que venceu a Noruega por 3 a 0 na outra semifinal. Na final, as alemãs ficaram com o título, superando o Brasil por 2 a 0. Marta foi artilheira com 7 gols e bola de ouro. Esta Copa gerou grande audiência e repercussão no Brasil e impulsionou o começo de uma estrutura maior para o calendário feminino nacional. Em 32 jogos, o torneio teve 111 gols.

Marta durante a Copa de 2007 (Reprodução)

Campeã em 2007, a Alemanha sediou a Copa de 2011, que novamente teve 16 equipes, com 86 gols em 32 jogos. O Brasil teve 100% de aproveitamento na 1ª fase, contra Austrália, Guiné Equatorial e Noruega. Nas quartas, as brasileiras empataram em 0 a 0 contra os Estados Unidos e caíram nos pênaltis.

A grande surpresa da Copa foi o Japão. Nas quartas, eliminaram as anfitriãs, com 1 a 0 na prorrogação. Na semi, venceram a Suécia por 3 a 1 e, na decisão, conquistaram o inédito título ao empatar com os Estados Unidos em 0 a 0 e ganhar nos pênaltis. A Suécia ficou em 3º, ao vencer a França por 2 a 1. A japonesa Homare Sawa foi artilheira, com 5 gols, contra 4 de Marta, que havia sido a melhor do mundo nos últimos 5 anos.

Japão comemorando o 1º Mundial, em 2011 (Foto: FIFA)

2015

A Copa de 2015 foi realizada no Canadá e dessa vez teve 24 participantes. Foram 52 jogos disputados, com 146 gols. O Brasil venceu Coreia do Sul, Espanha e Costa Rica na primeira fase, mas caiu nas oitavas para a Austrália, por 1 x 0.

Nas semifinais, os Estados Unidos venceram o clássico contra a Alemanha por 2 x 0, enquanto o Japão fez 2 x 1 na Inglaterra, que havia eliminado as anfitriãs nas quartas, por 2 x 1. A decisão reeditou a Copa anterior, mas dessa vez os Estados Unidos golearam o Japão por 5 x 2. A Inglaterra, que começava uma forte geração, ficou em 3º ao superar por 1 x 0 a Alemanha. Duas jogadoras dividiram a artilharia com 6 gols: Carli Lloyd, dos Estados Unidos, e Celia Sasic, da Alemanha.

A oitava Copa do Mundo ocorreu em 2019, na França. Na primeira fase, o Brasil venceu Jamaica e Alemanha, e perdeu para a Austrália. Nas oitavas, as brasileiras caíram em jogo equilibrado contra as anfitriãs, por 2 a 1 na prorrogação. Nas quartas, as anfitriãs pararam nos Estados Unidos, de Megan Rapinoe e Alex Morgan, com 2 a 1.

Na semi, as estadunidenses venceram a Inglaterra por 2 a 1, enquanto a Holanda alcançou a sua primeira final ao superar a Suécia por 1 a 0. Na decisão, os Estados Unidos garantiram o tetracampeonato, ao vencer as holandesas por 2 a 0. A Suécia ficou em 3º ao vencer a Inglaterra por 2 x 1. A artilharia foi tripla, com 6 gols das estadunidenses Rapinoe e Morgan, e da inglesa Ellen White. Rapinoe foi a craque e protagonista do torneio.

Estados Unidos celebrando o título da Copa em 2019 (Foto: Bernadett Szabo / REUTERS)

Em 2023 a Copa terá pela primeira vez 32 participantes, com 64 jogos. O torneio é realizado na Austrália e na Nova Zelândia e começou dia 20 de julho. A perspectiva é que essa seja a maior Copa em questão de engajamento, audiência e público, com o futebol feminino ganhando cada vez mais espaço e apelo, apesar de muitas resistências. O Brasil enfrenta Panamá dia 24/07, a França dia 29/07 e a Jamaica, dia 02/08.