Por Lucas de Paula

Indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional, o dinamarquês A Garota da Agulha se passa no início do século XX e narra os crimes de Dagmar Overbye, uma serial killer responsável pela morte de diversos bebês entre os anos de 1913 e 1920. Sob o disfarce de um lar clandestino de adoção de crianças, estima-se que ela tenha matado pelo menos 25 bebês, sendo condenada à prisão perpétua em 1921.

Dirigido por Magnus von Horn, o filme é ambientado em uma Copenhague pós-Primeira Guerra Mundial e começa com a história de Karoline, uma operária que enfrenta uma gravidez indesejada. Sem apoio do parceiro e em um contexto de recessão econômica, ela acaba recorrendo ao lar clandestino de Dagmar. A marginalização de mulheres como Karoline reflete uma época de extrema vulnerabilidade feminina, marcada pela falta de autonomia legal e econômica.

As transformações sociais e econômicas deixadas pela guerra levaram muitas famílias à pobreza extrema. Em um período em que as mulheres ainda sofriam forte repressão, mães solteiras ou sem condições financeiras viam-se obrigadas a deixar seus filhos no lar de Dagmar Overbye. Com um sistema de adoção pouco regulamentado e sem fiscalização, a serial killer aproveitava-se da situação para cometer seus crimes. Prometendo encontrar famílias para as crianças, ela conquistava a confiança de mães desesperadas e sem alternativas.

A Garota da Agulha vai além de um filme sobre uma assassina em série. Com enquadramentos meticulosamente calculados e uma fotografia em preto e branco, a obra retrata o contexto político, econômico e social de uma época marcada por dor e violência.

Texto produzido em colaboração a partir da Comunidade Cine NINJA. Seu conteúdo não expressa, necessariamente, a opinião oficial da Cine NINJA ou Mídia NINJA.