A falta de representação da cultura brasileira nos uniformes olímpicos de abertura
A repercussão negativa sobre as vestimentas tomou conta da internet nos últimos dias.
Por: Alanna Jales Lima
Na próxima sexta (26), a delegação brasileira estará presente na abertura dos Jogos Olímpicos em Paris, na França. Não só a comissão do Brasil, mas também a de outros países divulgaram os uniformes utilizados durante o evento. A reação dos internautas em torno dos looks dos atletas foi negativa, devido à simplicidade e à falta de representação da verdadeira cultura brasileira nas vestimentas.
O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e a Riachuelo apresentaram em abril a coleção de uniformes que serão usados pelos atletas na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos. No entanto, o assunto só ganhou destaque na última semana, quando outros países divulgaram suas roupas para o evento esportivo, gerando comparações entre as vestimentas estrangeiras e as brasileiras.
O time de estilistas da Riachuelo tinha como objetivo representar, por meio dos uniformes, a alegria e a descontração do povo brasileiro, além de ilustrar a fauna e a flora do país. Os bordados desenvolvidos pelas artesãs do sertão nordestino, as Bordadeiras de Timbaúba dos Batistas, trazem a valorização das artes manuais interioranas.
Para a grande parte dos internautas, que expressaram suas opiniões no X (antigo Twitter), há uma grande falta de identidade brasileira no uniforme de abertura. Eles não se sentem representados como brasileiros pelas peças criadas pela empresa.
A stylist Suzana Maria, em seu TikTok (@shoshmaria), também expôs sua opinião em relação às roupas que serão usadas. Ela criticou o COB por ter escolhido uma fast fashion (termo utilizado para se referir a grandes empresas que fazem uma moda rápida no mercado de varejo) para produzir os uniformes de abertura, em vez de estilistas ou marcas significativas para a moda brasileira. Diferente de outros países, como a Mongólia, que definiu que a marca mongol Michel&Amazonka criaria o design das peças do país.
Os grandes portais de moda, como Harper’s Bazaar e Steal The Look, elegeram os uniformes mais estilosos das Olimpíadas deste ano. Na compilação feita por eles, países como a Mongólia, Estados Unidos e Jamaica estão presentes, mas o Brasil não se encontra na lista.
Além disso, o jornalista Caio Braz, em seu Instagram (@caio), também opinou diretamente de Paris sobre o uniforme de abertura. Ele elogiou os bordados, mas disse que faltou “sal, tempero e borgodó” nas vestimentas. Para ele, como para muitos internautas, a grandeza e a diversidade do Brasil não foram representadas pelos looks produzidos pela Riachuelo, mostrando, ainda, um design ultrapassado.
O diretor criativo da marca brasileira Misci, Airon Martin, contou ao portal FFW sobre o que é a moda brasileira. Ele disse: “Pra mim, a moda brasileira, além de multicultural, é a principal maneira de contar uma nova história, a história de um novo Brasil.”
Apesar da tentativa de trazer a cultura e o povo brasileiro nos uniformes de abertura das Olimpíadas de 2024, a Riachuelo falhou na missão. As pessoas mostraram-se revoltadas com a falta de representatividade e o que é o objetivo do uniforme para esse evento, se não o de representar o país?
Como disse Airon Martin, está na hora de o Brasil contar uma nova história. É preciso quebrar estereótipos e mostrar do que a moda brasileira é feita e sua grandeza. Trazer marcas nacionais de designers para contar sobre a nova geração e mostrar o progresso ao mundo.