Por Isabella Rodrigues

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos golpistas promovidos por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no dia 8 de janeiro, em Brasília, chegou na reta final. Em uma entrevista exclusiva à Mídia NINJA, o deputado Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ), que integra o colegiado, revelou detalhes sobre a investigação, suas expectativas e preocupações em relação à extrema direita no Brasil.

Henrique Vieira destacou que a extrema direita está criando obstáculos para uma investigação precisa, gerando confusão informacional e disseminação de fake news, adotando estratégias semelhantes às utilizadas durante a pandemia. Ele ressaltou que a tática da extrema direita é “transformar o absurdo em algo razoável”. O deputado defende que houve uma série de tentativas de golpe, com o dia 8 de janeiro sendo uma cartada final para criar um caos social e institucional, visando inviabilizar o governo do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Vieira enfatizou a importância da justiça e da defesa da democracia, destacando que não deve haver anistia para os responsáveis pelos atos golpistas. Ele acredita que, em termos de investigação, é necessário que haja a quebra do sigilo bancário, telefônico e telemático do ex-presidente Bolsonaro, pois isso poderá comprovar sua participação nos eventos ocorridos em 8 de janeiro, além de citar o nome de Mauro Cid, outro envolvido.

Ressaltou ainda que o ataque à democracia não é um fenômeno isolado no Brasil, mas faz parte de um movimento global da extrema direita que encara a violência como forma de política, assim promove uma gestão intencional da morte e vê a diversidade como um mal a ser eliminado. A extrema direita, segundo o deputado, não busca o diálogo, mas sim impõe seu monólogo “com arma na cintura, na base da intimidação e ameaça”. Para Henrique Vieira, a CPMI é um passo importante para derrotar a ideia política da extrema direita.

Ele destacou o requerimento relacionado ao inquérito das “milícias digitais”, chamado de “gabinete do ódio”: uma estrutura ligada ao presidente Bolsonaro, que tinha como objetivo disseminar desinformação de forma intencional, principalmente durante as eleições.

O deputado também mencionou que as tentativas de inviabilizar a transição para o governo de Lula incluem a desacreditação das urnas, a diminuição da votação por meio do aparelhamento da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para criar obstáculos na região Nordeste, tentativas de intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para invalidar o processo eleitoral e uma possível cartada final para criar instabilidade nas tropas militares e promover uma intervenção.

Pastor Henrique Vieira finalizou exaltando a força da democracia ao afirmar: “Eles tentaram, mas nós vencemos nas ruas, nós vencemos nas urnas e nós queremos fazer uma reconstrução do país em que a diversidade tenha espaço, o bom debate das ideias tenha espaço. Onde nós possamos valorizar os nossos adversários e não fazer política na base da arma e da intimidação”.