A Cúpula dos Povos pela Democracia
Democracia para quem? Uma pergunta que surgiu no debate preliminar que marcou o início de uma agenda de três dias em Los Angeles, Califórnia, para pensar e discutir nosso continente sem exclusões.
Democracia para quem? Uma pergunta que surgiu no debate preliminar que marcou o início de uma agenda de três dias em Los Angeles, Califórnia. Assim como aconteceu na Cúpula de Mar del Plata em 2005 – sim, a mesma Cúpula onde Hugo Chávez declarou o fracasso da ALCA como modelo econômico para nossos países –as organizações sindicais, os ativistas, as organizações de base e os povos progressistas das Américas convocaram uma Cúpula dos Povos nos dias 8, 9 e 10 de junho para se contrapor à 9ª Cúpula das Américas. Nos reunimos em Los Angeles, Califórnia, para pensar e discutir nosso continente sem exclusões.
“Não ao apartheid das vacinas”; “Abaixo o racismo e a supremacia branca”; “Anistia e direitos para todos os imigrantes”; “Pelo direito ao trabalho, moradia e saúde”, lia-se nos cartazes expostos nas plataformas de lançamento da Cúpula. Pareciam slogans de greve geral, pareciam ser, e são, porque em Los Angeles mais de duzentos movimentos sociais, organizações populares e ativistas de direitos humanos em todos os campos convergiam neste mesmo espaço.
É também a voz que se levanta e denuncia os problemas destacados pela emergência sanitária mundial e a escandalosa desigualdade no acesso às vacinas e à ajuda estatal em todos os países do continente, mas especialmente os marginalizados do centro do poder político e econômico do Norte.
A Cúpula foi realizada em oposição à Cúpula contra-hegemônica das Américas, que está sendo realizada simultaneamente e com a presença do clube exclusivo de amigos do presidente americano Joseph Biden, que arbitrariamente quis deixar de fora Nicarágua, Cuba e Venezuela, e aos excluídos se juntou o México em protesto, na pessoa do presidente Andrés Manuel López, contra a exclusão injustificada desses três governos latino-americanos.
Durante a sessão de abertura, Andrónico Rodríguez, jovem líder popular boliviano, Presidente da Câmara de Senadores do Estado Plurinacional da Bolívia e Vice-Presidente das Seis Federações do Trópico de Cochabamba, destacou a participação de jovens, mulheres, movimentos sociais e organizações indígenas participantes da Cúpula, lembrando que a mobilização maciça e permanente desses grupos populacionais deu a vitória a Evo Morales em 2005.
O líder popular lembrou que o presidente da Bolívia, Luis Arce Catacora, também não participa da Cúpula das Américas em solidariedade aos governos e povos da Nicarágua, de Cuba e da Venezuela, e se alinha com a posição de AMLO de manifestar seu protesto e demonstrar dignidade e diplomacia contra o bloco hegemônico.
“Democracia para quem? Não é fácil, não é fácil. Eles colocam o dedo na ferida. Perguntando-lhes, além disso, de Los Angeles, um território roubado e ocupado”, comentou a jornalista e ativista política mexicana Alina Duarte no início de seu discurso. São precisamente estes dilemas que estavam sobre a mesa durante as sessões de trabalho da Cúpula dos Povos, entre os dias 8 e 10 de junho de 2022.
Enquanto isso, do outro lado da cidade, os governos de alguns países do continente partirão com a tarefa pela metade, incapazes de oferecer uma resposta econômica, política e social conjunta a seus povos, já que uma reunião de chefes de Estado na qual o continente como um todo não participa será apenas um simulacro de uma reunião multilateral.
No foco das intervenções estará também a questão de para quem funciona o sistema democrático cooptado pelas elites de nossos países americanos governados pela Organização dos Estados Americanos e patrocinados pelos blocos de poder mais atrasados do continente.
Tradução: Meg Batalha – Catálogo de Tradutores