A busca da visibilidade dos povos tradicionais no maior festival literário do Brasil
Os povos tradicionais de Paraty sofrem com o descaso do poder público em todas as áreas, da saúde a cultura, e protestaram durante o Festival Literário Internacional de Paraty
Por Liliane Varela
No anseio de uma visibilidade para os problemas locais, os indígenas, caiçaras e quilombolas saíram às ruas em meio a 17a edição da Festa Literária Internacional de Paraty, o maior evento literário do país que aconteceu de 10 a 14 de julho. Eles protestaram e manifestaram o desejo de uma mudança efetiva nas dificuldades que enfrentam, munidos com muita música tradicional como o coral dos guaranis, fandango e ciranda caiçara, uma passeata rica e muito importante para a preservação dos costumes locais. Paraty e Ilha Grande (Angra dos Reis) recentemente receberam o título de Patrimônio Mundial da UNESCO, tendo como atenção à proteção ao meio ambiente, o respeito à diversidade cultural e às populações tradicionais.
O fórum de comunidades tradicionais é constituído por representantes legítimos de quilombolas, caiçaras e índios guaranis, das cidades de Paraty, Ubatuba e Angra dos Reis. Trata-se de um importante instrumento em busca dos direitos e reconhecimento dessas comunidades.
Os problemas que elas enfrentam são vários: especulação imobiliária, turismo desornado, falta de acesso à saúde, educação e cultura (principalmente para os jovens), falta de políticas ambientais, falta de acesso ao sistema de esgoto, água tratada e energia elétrica, entre outros. Por isso, nasceu a necessidade de criar um espaço para facilitar a articulação política e fortalecimento da cultura, buscando meios para a implementação da Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, conforme dispõe o decreto 6040, de 7 de fevereiro de 2007.