A batalha final de Temer pela presidência
Às 9 horas da manhã de hoje (2) o Congresso Nacional abriu seus trabalhos para a votação sobre a admissão da denúncia da Procuradoria Geral da República contra Michel Temer, processo que pode afastá-lo da presidência por 180 dias caso aceito. Para ser aprovada, a denúncia precisa de 342 votos, o mesmo que 2/3 dos […]
Às 9 horas da manhã de hoje (2) o Congresso Nacional abriu seus trabalhos para a votação sobre a admissão da denúncia da Procuradoria Geral da República contra Michel Temer, processo que pode afastá-lo da presidência por 180 dias caso aceito.
Para ser aprovada, a denúncia precisa de 342 votos, o mesmo que 2/3 dos 512 deputados que compõem a casa. Por outro lado, Temer precisa que 172 deputados votem contra para que ela seja arquivada.
Desde o início da sessão, que precisa de quórum mínimo de 52 deputados para iniciar, deputados governistas e de oposição se alternam nas falas, desde já declarando o seus votos e se manifestando.
Defesa usa anti-petismo e “melhoras” na economia como argumento
Por volta das 9h40, o relator do parecer sobre a denúncia aprovado na Comissão de Constituição e Justiça, Abi Alckel (PSDB-MG), iniciou sua fala de 25 minutos, apontando avanços na economia durante a gestão de Temer, buscando tangenciar as provas demonstradas pela PGR no processo contra o peemedebista.
“Sejam quais forem as críticas (a Temer), é justo reconhecer mudanças na economia”, apontou Abi Alckel. “Será esse o momento adequado para promover a destituição do presidente da República?”
Além disso, o tucano usou seu tempo para fazer críticas à gestão da presidenta eleita, Dilma Rousseff, e seu partido, o PT, destacando o que ele considera contrastes na condução da economia entre os dois governos.
Logo após, a defesa de Temer, representado pelo advogado Antonio Carlos Mariz, fez sua explanação, também com tempo de 25 minutos.
Mariz começou a sua fala procurando desqualificar a acusação, falando que o processo é “capenga e xoxa”, e que foi realizado “na ânsia de ver o país e dificuldades”.
A ligação entre o atual presidente e o empresário do grupo JBS, Joesley Batista, pivô da denúncia, também é questionada pelo advogado. “Coloca-se no altar da Santidade um criminoso confesso”, avaliou.
Para ele, não há consenso na sociedade sobre a saída do presidente, apesar das pesquisas de opinião avaliarem que Temer possui apenas 3% de aprovação popular.
“Há uma armação extremamente prejudicial à nação”, alarmou Mariz em referência ao processo da Procuradoria Geral, que instalou chips nas malas de propina e promoveu gravações ocultas do presidente e de seu assessor, Rodrigo Rocha Loures.
Manifestações começaram antes da sessão
Antes do sol nascer, às 7h da manhã, manifestantes foram às ruas e levantaram piquetes em vias de São Paulo e Recife, a fim de pressionar os deputados a votarem pela admissão da denúncia contra Temer.
Na Rodovia Régis Bittencourt, na cidade de Taboão da Serra/SP, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), fecharam a via, principal ligação com o sul do país, por cerca de 1 hora. A Rodovia Presidente Dutra, na altura de Guarulhos/SP, também foi bloqueada pelo Movimento.
Em Recife/PE, foi a BR 101 que foi paralisada pelo Movimento. Os manifestantes carregavam faixas com os dizeres “MTST em defesa da aposentadoria e contra a reforma da Previdência”.
Além das mobilizações nas ruas, nas redes dezenas de artistas, ativistas e personalidades se posicionaram a favor do Congresso aceitar a denúncia através do movimento 342 agora. Entre eles o rapper Criolo, a rapper Carol Conka e o cantor Caetano Veloso.
No fim da tarde haverá manifestações populares em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, todos com o objetivo de pressionar os deputados a aceitarem a denúncia.