Fotos: Silmara Ribas

 

Nelson dos Santos, integrante do MST na região, ressalta a importância da unidade entre a população que participa do protesto: “O inimigo é um só, é o latifúndio, são as indústria do João José Zattar. A gente não pode perder a noção que as famílias do MST, com o tempo, também se tornam posseiras e fazem parte da mesma luta. As atrocidades que aconteceram no município do Pinhão, na comunidade do Alecrim, deram uma revés na luta. Foram casas, igreja, tudo destruído”. Ele reforça a urgência de abertura de diálogo por parte do Incra: “Já tivemos três audiências publicas nos municípios, e o Superintendente do Incra do Paraná, Walter Possobom, não compareceu em nenhuma”.

João Wilson Tarciso, posseiro na comunidade de Bugio, que fica ao lado do Alecrim, despejado na última sexta-feira, reafirma a aliança entre sem-terra, posseiros e moradores da região. “Unimos aquilo que nós temos em comum, que é a luta pela terra. E o nosso adversário é a empresas Zattar. Então nós somamos força pra conseguir nosso objetivo”.

Tarciso resgata as origens do conflito pela terra na região:

“Nós temos claro que quem invadiu o Pinhão não foramos posseiros, quem invadiu o Pinhão foi a empresa Zattar. Já existiam posseiros aqui no Pinhão muito antes que a empresa Zattar viesse para cá, só que naquela época não havia documentação, não havia preocupação com cartório de registro. E o nosso povo naquela época, vivendo no seu canto, nas ‘frentes’, como eram chamadas, não tinha essa preocupação. Essa empresa chegou aqui no município, usou da força, de jagunços, pela pressão da madeireira, com contratos que às vezes as pessoas assinavam achando que fosse a venda da madeira e era a venda da terra. A maioria das áreas eles conseguiram através de uma concessão do governo Lupion. A gente sabe como isso acontece, empresas madeireiras, gigantes, patrocinam campanhas. Eles ganharam, de certa forma, um presente, que foi essa concessão de terras. Mas o governo não se preocupou que já existiam famílias que já estavam lá produzindo na terra”.