Leandrinha Du Art: Meu Trono
De cabeça para baixo na cadeira de rodas, meu cabelo grande tocava seus pés e o chão. Ele beijando minha barriga, passando a língua no meu piercing,
Chegou um ponto que eu tinha que passar a entender a extensão do meu corpo, minha cadeira de rodas não era mais algo a parte de mim e sim, algo que fazia parte de mim.
Ou eu aproveitava o que ela tinha a oferecer ou pra sempre me esconderia atrás dela sendo escrava de algo que por toda minha vida me acompanharia do modo mais cruel e torturante possível – isso eu precisava compreender e aceitar dentro de mim. O tempo passou, eu entendi que minha cadeira de rodas era o MEU trono e eu poderia reinar como nunca tinha reinado antes, fazer dela uma fortaleza.
Uma cadeira de rodas atrai olhares: de pena, de curiosidade, de espantos – desconfortáveis – porém atraia também olhares de… desejo. Algumas pessoas fazem da cadeira apenas um fetiche, sem levar em conta quem está sentada sobre ela. Nunca deixei que tratassem o meu trono dessa forma: não sou e nunca fui exclusivamente o fetiche ou brinquedo sexual de ninguém. Mas também jamais deixei minha cadeira fora do que faço. Se ela é parte de mim, ela entra na brincadeira, sim! Quando eu quiser e na hora que eu quiser ela será palco de uma boa transa e será sim o meu fetiche, e não só uma fantasia de mentes pervertidas.
Uma de minhas experiências mais marcantes: um universitário, 24 anos, acredito (sempre mais velho, sempre…). Para que fique registrado aos altos (acho que não é segredo meu pra mais ninguém): sou sexualmente atraída por pés, panturrilhas, pernas, coxas então?! Fico tonta!
Sim, o “escolhi” porque tinha pernas incríveis, coxas grossas, desenhadas, peludinhas na medida certa, panturrilhas definidas, pés 40, imagino (só de olhar). O cara, no geral, era o meu tipo de cara: barba cerradinha, cabelos claros, olhos da cor dos meus, nem “bombado” nem gordinho, alto (apesar de que todo ser humano é mais alto que eu), boca rosa, sobrancelhas marcadas e creio que tomava banho de perfume Polo. Já havíamos trocado olhares em algumas festinhas dessa pequena cidade onde tudo acontece, olhares esses que já deixavam mais que claro que logo menos estaríamos tocando as células de pele…
Foi simples, rápido e objetivo. Estava eu em meu apartamento sozinha assistindo série e comendo o sorvete que tinha levado pra acompanhar (o que não faço a toda hora, na verdade, nem sou “chegada” à sorvete, enfim). Sozinha… série em um episódio horrível… Olho no espelho que estava em meu quarto apoiado no chão e penso comigo: “quero transar”! Meus cachos amanhecidos de babyliss, do jeito que gosto, um cabelo poderoso… Seria injusto não fazer proveito dessa obra de arte! Coloquei o sorvete do lado da TV e rapidamente fui aos “direct”: “Tudo bem? Boa noite. Acho que a gente já se olhou demais não acha? endereço tal”. Em 20 minutos uma única resposta: “rs, quer que leve bebida?”… e lá estava traçada minha noite.
Baby doll recém comprado e calcinha de shortinho de renda, tudo branco. As únicas cores eram as do meu cabelo, até a bunda, moldurando um tesão absurdo. Não demorou muito, uma moto estaciona debaixo da minha janela, na minha grama, onde odeio que pisem (nunca tive grama e por isso odeio quando as pessoas “xoxam” ela). O interfone toca e sem mesmo atendê-lo abro a porta. Sem pudores, ele entra incendiando o apartamento com seu perfume, me deixando mais louca do que estava. Paramos em torno da mesa , abrimos um vinho barato que ele mesmo levou. Ele de shorts acima do joelho, na minha frente, tirava toda minha atenção de qualquer assunto discutido naquela noite. Eu sentada na minha star lite (cadeira de rodas manual que foi bem cara por sinal) com o encosto de frente pra ele, belíssima,de joelhos em cima de minhas próprias pernas, de frente praquelas pernas deliciosas. Estávamos bem a vontade conversando, rindo, falando de absolutamente nada de importante, tão importante que nem lembro pra poder escrever.
A garrafa de vinho vai embora e ele finalmente desencosta da parede, ainda sentado, pra me beijar. Para que essa cena linda acontecesse da melhor forma possível, fiquei de joelhos na cadeira, obviamente mais alta que ele que estava sentado em um banco normal. Nos beijamos…um beijo calmo, lento, sentia sua língua passear na minha boca, sutilmente passava a mão em seus cabelos e de repente sinto sua mão enorme correr sobre minhas costas, ate minha bunda, gradativamente uma força, até uma pegada maravilhosa. Com o acontecido, ele ganhou uma mordida em seus lábios. Lenta, parei de beijá-lo pra morder sua orelha e sussurrar o quanto ele era uma delicia, com beijos carinhosos até seu pescoço, intercalados com lambidas.
Sinto sua mão dentro da minha calcinha, o gelo do relógio de pulso na minha bunda, apertando ainda mais forte, ele resolve ficar de pé. Agora mais alto que eu na cadeira de rodas, ele tira a blusa. Um peitoral largo, peludinho, eu avisto. Ele se abaixa pra continuar me beijando, agora suas duas mãos estão no meu rosto tirando o meu cabelo do beijo. Minhas mãos que estavam em seu peito, descem em direção à bermuda: um susto típico de homem! Apanhei seu saco, sentindo toda a extensão daquele pau que, lógico, já estava pra lá de excitado. Do bolso da bermuda ele tira a camisinha, enquanto beijo toda sua barriga, abrindo o zíper ao mesmo tempo.
“Verdade que não posso por a mão nesse cabelo gostoso?” – foi a frase dele, vendo eu descer sua bermuda e sua cueca cinza. “Quer continuar brincando não é?” – foi o que respondi, vestindo aquele pau rosado com a camisinha. Tirado o ar da camisinha – borá la! – a primeira lambida fez com que ele retornasse a parede, ouvindo-o gemer apoiado em minha cadeira, fiquei mais louca.
A velocidade e as seqüências de movimentos eram variadas. Eu sentia pulsar feito um coração. Apoiada em suas coxas, fazendo o melhor sexo oral que poderia fazer, como se aquele fosse o último da vida, coloco-o todo na boca por alguns segundos e bingo. Quando tiro a boca dali, sem babar, a primeira jogada de cabelo e o nome santo de Deus foi clamado por ele – “Meu Deus!”, gozou a primeira vez.
Rápido, 20 minutos no sexo oral, fazendo o maior esforço para que não chegasse logo no ápice. Intervalo de um macarrão instantâneo, troca de camisinha e aquele pau já estava feito cabo de enxada, duro. Eu rindo de vê-lo tentar tirar a camisinha com cuidado pra não se sujar com a própria porra. Devidamente trocada, ele guia a cadeira de rodas ate o centro da sala, de pé e eu ali de joelhos, olhando para aquele sorriso safado.
Ele se abaixa, passa um de seus braços na minha cintura, conseguindo me levantar com facilidade. Passo minhas pernas em sua cintura, nos beijamos por longos segundos no meio da sala. A cadeira de rodas agora está livre, livre pra ser palco de uma das cenas mais incríveis que já vivi, palco de uma das melhores sensações que já senti.
Ele resolve sentar na cadeira de rodas. Agora estávamos sentados, eu em cima dele de pernas abertas, ele também de pernas abertas, nossos abdomens estão colados. Percebo o quanto minha cadeira é pequena praquele homem enorme e pelado, mas enfim…
Sinto a barriga dele na minha através da fenda do baby doll. De joelhos, sobre suas coxas grossas e maravilhosas, me levanto um pouco para beijá-lo. Enquanto jogo meu cabelo para o lado, sinto suas duas mãos na minha bunda, ouvindo a partir daí elogios, românticos e safados, sabendo que logo aquele pau, que estava duro nas minhas coxas, estaria dentro de mim.
Dito e feito! Com muita delicadeza, ele consegue me levantar, ajeitando a entrada que teria que ser perfeita. Calcinha de ladinho, cuzinho entregue, sua mão esquerda em minha barriga, a direita no meu cóccix e ali estava eu. Deslizando de olhos fechados, visualizando aquele pau entrar, ouvindo-o mais uma vez gemer, me animo. Dor? Nenhuma! Só prazer. Movimentos de sobe e desce lentos e às vezes mais rápidos, como o pulsar do liquidificador, uma dançante e lenta rebolada alterava a intensidade de seu gemido. Agora vem a melhor parte: com vários e longos minutos nessa brincadeira, cabelo grudando nas minhas costas já suadas, ele me beijando agora com mais intensidade e eu já sabendo que a segunda vez estava próxima.
Resolvo brincar com ele: no próximo beijo, me afasto de sua boca deitando para trás, fazendo com que sua boca passasse pelo meu pescoço, corresse o baby doll, chegando a minha barriga. Sim, isso mesmo, em cima daquele pau, de frente pra ele. De cabeça para baixo na cadeira de rodas, meu cabelo grande tocava seus pés e o chão. Ele beijando minha barriga, passando a língua no meu piercing, sinto de outro ângulo a anatomia daquele pênis dentro de mim. Agora, mais encaixado, impossível. Ótima hora para um pompoarismo, que infelizmente não durou muito – “Se levanta, estou gozando!” – seguido do nome de Deus novamente – “hoo meu Deus”. Eu estava sentada novamente, agora olhando seus olhos bem de perto se fecharem. Enquanto goza, desço e subo lentamente, fazendo com que ele arranhasse uma de minhas coxas no meio do orgasmo.
Rindo da linha “cirque du soleil” que fiz e da cara de bobo dele ainda se recuperando, disse a ele que nunca tinha aproveitado tão bem aquela cadeira. “Nunca sentei em uma cadeira de rodas e nunca imaginei que um dia sentaria pra fazer o que fizemos” – foi a frase dele. Levantou-se comigo no colo e fomos pra cama, no meu quarto. Não dava mais pra ele, mas ficamos agora nos olhando, trocando carinhos e beijos por um bom tempo, dando gargalhada de coisas aleatórias.
O telefone que toca escrito “pai” do lado da cama encerra a noite. Vou até o banheiro com ele para vê-lo tomando banho com pressa. Troca de roupa, o acompanho até a porta, eu de joelhos no chão agora. Antes que eu abra a porta, ele fica também na mesma posição, me dá um beijo agarrando minha cintura, me puxando mais para perto dele. Finalmente abro a porta e ele vai.
Fecho a porta, me viro, vejo a cadeira de rodas no meio da sala e dou risada. Indo pro quarto, relembrando das cenas que se passaram, descubro que meu sorvete derreteu.
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Agradecimentos : Samuel Vinicius e Melissa de Assis