Fiz uma pesquisa bem rápida, daquelas com pressa de saber o resultado e como já previsto, me deparei com a falta de representatividade de pessoas negras no áudio visual. Mais um para conta do atraso histórico do meu povo.

Estamos em 2017 e ainda tenho que contar nos dedos as pessoas negras que atuam neste ramo.

Ficou fixado na minha mente por alguns dias e pensei que poderia contribuir com mais uma semente nesse campo tão áspero.

Conversando com a minha equipe de produção começamos a desenhar o que ainda era abstrato em minha mente. Em conjunto, fomos criando formas para realizar este sonho, com muita entrega e dedicação coletiva, o que era utópico se concretizou. E assim surgiu a web-serie “Nossa Voz Ecoa”, um projeto pensando especialmente para população negra, com temas urgentes, respeitando o protagonismo e a propriedade de fala de todos os participantes.

Mas não bastava só gerar conteúdo de qualidade e mergulhar neste universo áudio visual, era preciso provocar e contrariar as estatísticas. Por isto, decidimos que eu seria a apresentadora da série. Uma apresentadora negra em um país onde temos menos de 2% de protagonismo negro na TV.

“Nossa Voz Ecoa” é uma web série com 10 episódios e o primeiro será lançado hoje(12), às 19h, no meu canal do youtube.

No primeiro episódio intitulado “PesaDona” eu apresento minha família quebrando os estereótipos do que se espera de uma família predominante negra. Conto sobre a minha trajetória de ser empregada doméstica com vários sonhos e o desejo de ser respeitada e conquistar minha dignidade.

Falo sobre meu encontro com o Hip Hop e como essa cultura em movimento me transformou trazendo novas perspectivas e um olhar crítico para situações que eu desconhecia. Machismo, feminismo, luta de classe e racismo. Tudo que eu ouvia nas letras de rap despertava a minha curiosidade pra querer pesquisar sobre.

O intuito da web-serie é que os temas abordados virem papo de “busão”, bar, esquina e fila do banco, quero que seja igual as novelas, todo mundo comentando. Trazer temas tão relevantes e de fácil entendimento do publico.

Foto: Cibele Appes

Para o segundo episódio “Hip Hop Resiste” apresentaremos um olhar feminista para falar sobre a cultura Hip Hop e seus desdobramentos. Conversei com Sharylaine que foi a primeira mulher a gravar um rap, no ano de 1988, em vinil. Além de Sharylaine, contamos com a participação do Criolo, a grafiteira Gaby Bruce e a Batalha da Dominação.

Ao total serão 10 episódios, abordaremos temas como; Racismo, Hip-Hop, feminismo Negro, gordofobia, racismo na infância, representatividade negra, entre outros.

E chegou a hora de mostrar para o mundo que “NOSSA VOZ ECOA”.

Acessem meu canal: https://www.youtube.com/user/PRETARARA20