A ação faz parte da Jornada Nacional de Lutas com o tema “Corruptos, devolvam nossas terras!”. O movimento exige que a área seja destinada à reforma agrária.

As terras, que levam o nome da antiga estação ferroviária, chamada Esmeralda, localizam-se em Duartina, no interior de São Paulo e somam 1500 hectares. Oficialmente está registrada como sede da empresa Argeplan (Arquitetura e Engenharia LTDA), no entanto os moradores locais a identificam como “a fazenda do Temer” e afirmam que grande parte da área foi grilada.

Foto: Tuane Fernandes / Mídia NINJA

Esta é a segunda vez que o movimento ocupa a Fazenda Esmeralda. Na primeira ocupação foram encontradas cartas endereçadas a Temer e materiais de sua campanha à Deputado Federal de 2006.

“Somos herdeiros de uma história da oligarquia corrupta que adquiriu terras assassinando indígenas, escravizando e cometendo atrocidades no processo de formação da sociedade brasileira. Estamos aqui para cobrar o que é nosso por direitos. Todas as terras de corruptos devem ser devolvidas ao povo”, reivindicou Mercedes Zuliane, Dirigente Nacional do MST.

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A obscura relação entre MT e a “laraja Lima”

Temer e João Batista Lima Filho, o Coronel Lima, se conheceram nos anos 80, quando o pemedebista ocupava a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo e Lima Lima trabalhava na Assistência Militar da pasta.

Nos anos 90 Coronel Lima e a Argeplan contribuíram para as campanhas de Temer, já em 94 a empresa doou a ele, ao menos, 500 mil reais em valores atualizados. “O crescimento econômico e político deles aconteceu simultaneamente, isso só mostra uma parceira que vai muito além de amizade”, afirma a dirigente.

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De acordo com diversas denuncias o Coronel ajudou Temer a construir sua carreira política e seu vultoso aumento de patrimônio, com base em propinas e extorsões.

A primeira ligação aparece no caso do Porto de Santos, denunciado por Erika Santos, então esposa de Marcelo de Azeredo. Na ocasião ela entregou à justiça documentos em que constavam a divisão da propina em 25% de Azeredo, 25% de Lima e 50% de Temer. O processo foi arquivado em Segredo de Justiça na secretaria da 6ª Vara Criminal Federal.

Em seguida, a tentativa de delação premiada de José Antonio Sobrinho, dono da Engevix revelou que a indicação do presidente da Eletronuclear, almirante Othon Pinheiro, acusado de receber propinas em contratos da empresa, foi feita por Michel Temer. O golpista teria cobrado R$ 1 milhão por contratos da empresa junto à Eletronuclear, pagos ao Coronel Lima.

O caso que envolve o dono da Engevix e a Eletronuclear foi desmembrado pelo STF. Ficou fora da Lava Jato.

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O contador Florisvaldo Caetano de Oliveira, apontado como responsável pelas entregas de dinheiro a políticos do grupo da J&F, relatou ao menos dois encontros com o “amigo” de Temer. De acordo com a delação, no segundo encontro, Oliveira entregou R$ 1 milhão em espécie para Lima. O mesmo fato aparece na delação do diretor de relações Institucionais da J&F Ricardo Saud.

Já na Fazenda Esmeralda, o prefeito, Enio Simão, do PSDB, lembra que participou de um evento com Temer na propriedade, na campanha eleitoral de 2010. O peemedebista chegou de helicóptero.

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Por reforma agrária

O MST aponta a retomada das políticas de reforma agrária, inclusive nas terras de políticos da estirpe de Michel Temer Coronel Lima, como uma das alternativas para geração de emprego, renda e produção de alimentos saudáveis. E defende a revogação de todas as medidas que retiram direitos dos trabalhadores.

“O objetivo desta jornada é denunciar o achaque à constituição brasileira, promovido pelo governo golpista de Michel Temer, tanto com as medidas provisórias absurdas que vem destruindo os direitos dos brasileiros, como suas práticas corruptas escancaradas, junto a seus aliados”, esclarece Zuliane.

Desde o golpe, a bancada ruralista tem sido premiada com medidas como a MP 759 que prevê a entrega de títulos aos assentados, institucionalizando a venda destes e regulariza terras griladas na Amazônia. Além da alteração da Lei 5.079|71 visa flexibilizar a compra de terras por estrangeiros e empresas transnacionais.

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O cenário político também abre espaço para a retomada brutal da violência no campo. Segundo o Caderno de Conflitos no Campo, lançado neste ano pela CPT, 2016 contabilizou o maior número de assassinatos por conflitos de terra desde 2003. Foram 61 mortes no ano passado e em 2017, já se contabilizam mais de 40 assassinatos.

Para Mercedes Zuliane esta é uma das características mais brutais do golpe. “A invisibilidade da realidade no campo e o estado exceção promovido por estas elites políticas espúrias garante a liberdade para o antigo latifúndio e o agronegócio atuarem expondo sua face mais cruel, matando a população rural e aqueles que lutam pela, com requintes de tortura”, denuncia.

Foto: Tuane Fernandes / Mídia NINJA

Ela também convida a população urbana a reagir. “Todos os trabalhadores e trabalhadoras estão sendo massacrados, de uma forma ou de outra. É o momento de nos unirmos e com apoio mútuo retomar a democracia, num processo de luta de todo povo brasileiro pela verdadeira justiça”.

 

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