Festival Cultural Balaio da Oxum celebra 10 anos pautando diversidade religiosa e justiça climática na Amazônia
Evento reúne povos de religiões de matriz africana na Ponta Negra para caminhada e manifestações culturais
Na próxima segunda-feira, 08/12, o Complexo Turístico da Ponta Negra, na zona Oeste de Manaus, será palco da celebração dos 10 anos do Festival Cultural Balaio da Oxum, um dos maiores encontros culturais e religiosos da Amazônia. Com o tema “Águas de Retomada: naturezas sagradas, terras demarcadas”, o evento deve reunir milhares de integrantes de povos de terreiro, lideranças indígenas e membros da sociedade civil, do Amazonas e de outros estados, em defesa da diversidade religiosa e do meio ambiente.
O festival é celebrado anualmente em homenagem a Oxum, orixá da fertilidade, das águas doces e do amor. Como ocorre todos os anos, a programação inicia às 16h, com concentração no estacionamento da Ponta Negra, de onde o público segue, por volta das 17h, em uma caminhada contra a intolerância religiosa até a praia.
Após a caminhada, já na praia, acontece o xirê — momento religioso que saúda Oxum e outras divindades por meio de cânticos, tambores e danças ao ar livre. Como parte do ritual e do compromisso ambiental do festival, também é realizada a entrega de oferendas nas águas do Rio Negro, preparadas exclusivamente com materiais biodegradáveis, reforçando a mensagem de cuidado com os ecossistemas amazônicos.
“Chegamos à nossa décima edição graças à união dos povos de axé. Viemos lembrar a todos do cuidado necessário com nossas terras e nossos rios, pois eles são sagrados para a vida”, destaca Agonjaí Flor de Navê, presidenta da Associação Brasileira do Balaio da Oxum (AbraOxum) e uma das organizadoras do evento. “Por isso, seguimos na luta pela valorização do povo de axé, dos povos indígenas e dos quilombolas. Estamos juntos”.

Neste ano, o Festival Cultural Balaio da Oxum destaca também o papel das águas e dos territórios sagrados na agenda climática e na preservação da natureza, em diálogo com as discussões globais da COP30 e as pautas levantadas pelas populações tradicionais, como a demarcação de terras indígenas e a titulação de territórios quilombolas.
“O Balaio da Oxum é uma resposta viva ao racismo religioso, à destruição da natureza e ao apagamento das nossas histórias. Quando oferecemos flores a Oxum, também estamos semeando um futuro de dignidade para nossos povos”, completa Flor de Navê.
Programação cultural
Após o xirê, a programação musical tem início às 19h, em um palco montado na praia, reunindo shows de Márcia Siqueira, Mara Lima, Márcia Novo, James Rios, Papo de Preto, Phamela dos Anjos, Escola de Samba do Amor, além dos bois-bumbás Garantido e Caprichoso e da Bateria Furiosa da Reino Unido da Liberdade.
A programação é totalmente gratuita e aberta ao público. Em sua décima edição, o Balaio da Oxum se consolida como um marco de resistência, fé e mobilização socioambiental na Amazônia, fortalecendo a luta por territórios demarcados, pela valorização dos povos tradicionais e por justiça climática.



