Por Ben-Hur Nogueira

A diretora e roteirista brasileira Moara Passoni, uma das grandes revelações da nova geração do cinema nacional, apresentou seu filme “Minha Mãe é uma Vaca” na edição de outono do Short Shorts Film Festival & Asia, em Tóquio — evento qualificador para o Oscar.

A sessão integrou uma iniciativa dedicada ao empoderamento de mulheres diretoras, em parceria com o Short Shorts, o Festival de Tóquio e a Expo Japan, que reuniu cinco cineastas de diferentes partes do mundo.

Ainda em outubro, o filme foi exibido no prestigiado Hamptons Film Festival, em uma sessão organizada pela New York Women in Film and Television.

“Minha Mãe é uma Vaca” já participou de mais de 70 festivais em quase 40 países, conquistando sete prêmios, sendo três de melhor filme — no Brasil, na Argentina e na Espanha.

“Viver o momento do cinema no Brasil, com tantos filmes importantes não apenas sendo feitos, mas também encontrando maneiras de ecoar no mundo, é eletrizante”, afirma Moara.

“Recentemente trabalhei em dois filmes marcantes — “Democracia em Vertigem” (como corroteirista e produtora associada) e “Apocalipse nos Trópicos” (colaborei no roteiro e dirigi a segunda unidade) — ambos da diretora Petra Costa. Também lançamos, no ano passado, em Veneza, o curta “Minha Mãe é uma Vaca”, que tem tido uma linda trajetória em festivais.”

Atualmente, Moara se dedica a novos projetos:

“Sem dúvida, vivo um momento desafiador. Estou desenvolvendo uma série de ficção baseada em uma história real extraordinária — projeto no qual trabalho intensamente desde 2019. Ao mesmo tempo, desenvolvo meu primeiro longa-metragem, “Custo de Vida”, no qual trabalho desde 2010. O projeto já passou por laboratórios como o Torino Script Lab e o Berlinale Talents Co-Production Market, entre outros. É um filme muito sobre minha mãe — e sobre o movimento fascinante de donas de casa e mães da periferia de São Paulo que, em 1973, começaram a questionar o preço do feijão e terminaram revelando as mentiras do regime militar.”

“O longa ainda está em desenvolvimento e buscamos financiamento. Estou na intensidade dessa batalha, cuja única certeza talvez possa ser descrita como um ato de fé — um compromisso visceral com algo invisível e maior do que nós mesmos.”

O curta, que recentemente venceu o prêmio de Melhor Curta de Ficção no Tangier Film Festival, narra a história de uma menina enviada ao Pantanal porque a vida de sua mãe está em perigo na cidade grande. A partir do contato com uma vaca, ela passa por uma profunda metamorfose — uma metáfora sobre natureza, identidade e resistência.

Foto: © 2025 Short Shorts Film Festival & Asia
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