por Giulia Reis

Desde cedo, Kamaitachi se revelou um contador de histórias. Das histórias em quadrinhos à música, o artista conquistou um público fiel com o universo que criou. O cantor e compositor carioca lança Acústico Kamaitachi, projeto que marca uma nova fase em sua carreira.

Revisitando faixas que marcaram sua trajetória e apresentando três canções inéditas em um formato intimista, Kamaitachi afirma que este é o momento de expor sua versão mais madura. “Poder ver agora, assim, toda essa construção, todas essas músicas com uma roupagem nova, com o meu novo eu — sendo também mais maduro — e poder trazer esse sentimento dessas músicas que despertam tanta nostalgia nas pessoas é algo muito especial.”

Nascido na Zona Oeste do Rio de Janeiro, Rafael da Cruz Gonçalves, conhecido como Kamaitachi, sempre gostou de criar histórias. Ainda criança, desenvolveu paixão pela produção de quadrinhos, mas na adolescência encontrou na música o espaço ideal para expressar seu lado artístico. Na escola, integrou a banda Sala 31, mas foi na carreira solo, com a criação de Kamaitachi, que deslanchou.

Em 2017, apenas com voz, violão e clipes de animação produzidos no celular, o artista publicou suas primeiras canções em seu canal no YouTube — e se surpreendeu com o engajamento orgânico que elas alcançaram. “As pessoas começaram a gostar bastante. Em algum momento, comecei a compor músicas de histórias. Sempre foi meu sonho, desde moleque, compor canções relacionadas a narrativas, cinema e tudo isso”, conta.

Íntimo da arte de contar histórias por meio da música, Kamaitachi encontrou em suas canções um espaço para deixar a imaginação florescer, criando narrativas, personagens e animações que culminaram em um universo próprio. Com sonoridade voltada para o indie rock com pegada pop, o artista combina temas densos a melodias complexas e envolventes.

Agora, em nova fase com o Acústico Kamaitachi, projeto recém-lançado pela ONErpm, os sucessos que marcaram sua trajetória ganham novas sonoridades, com forte inspiração no rock dos anos 1990 e 2000. O momento simboliza o reencontro do cantor consigo mesmo. Ele revela que, ao focar tanto em contar histórias, acabou deixando seus próprios sentimentos de lado. “Por um tempo, consegui construir vários personagens, e as pessoas abraçaram muito. Mas deixei de falar um pouco sobre mim por muitos anos, porque estava sempre pensando na construção desses personagens.”

“Todas as inéditas têm esse sentimento de falar sobre mim, sobre minhas referências, sobre as coisas que eu gosto. Tanto que na música Colorindo (Com o Seu Sorriso) há referência ao Black Sabbath e também a várias outras músicas que o público gosta bastante, como Lana, Morgana, Julieta e Cabelos Arco-Íris. É um projeto muito especial e importante para mim.”

Ouça aqui o Acústico Kamaitachi.

Sommelier de videogames — como o próprio artista se definiu em entrevista ao S.O.M. —, Kamaitachi explica que esse contato com os jogos contribuiu para o desenvolvimento de seu universo narrativo. Assim como nos videogames, as histórias presentes em suas músicas e clipes também permeiam o projeto Acústico Kamaitachi. O universo dos estúdios de animação, como Marvel e DC, e da própria música serviram como inspiração. “Aprendi muito sobre construir uma história amarrada com os videogames e também com músicas, como Faroeste Caboclo, por exemplo, que é uma ótima referência de narrativa musical.”

“Essa interação visual tem ajudado bastante a recolocar as ideias, a criar um universo expansivo — como fazem várias empresas de animação que sempre fizeram sucesso estrondoso, como Marvel, DC e outras.”

Com a originalidade de sempre, Kamaitachi abraça sua versão mais madura, embarcando em novos sentimentos e revisitando alguns de seus sucessos, mantendo vivo seu universo e prometendo novas narrativas entrelaçadas. O projeto Acústico Kamaitachi está disponível em todas as plataformas digitais.