David Porras, criador de conteúdo colombiano

Foi Manuel Cepeda Vargas quem se perguntou: “Talvez o exílio nos teria salvado? Talvez o asilo protegeria Jaime e Leonardo quando o palácio armou a mão do capanga?”

E foi a América Latina que respondeu: a vida não pode continuar sendo assassinada na primavera.

Diante da ofensiva das novas e velhas direitas no continente americano, a Colômbia enfrentará, em 2026, um futuro em encruzilhada: a continuidade de um profundo processo de transformação democrática ou o confronto com o retrocesso imposto por aqueles que transformaram o país em um Estado que perseguiu qualquer anseio por mudança.

No início do novo século, enquanto a maioria dos países da América Latina dava uma guinada à esquerda, a Colômbia manteve um governo que concentrou o poder político por meio da repressão, perseguição e eliminação de adversários; um poder paraestatal que tentou silenciar aqueles que clamavam por justiça e liberdade. Por isso, a vitória de Gustavo Petro em 2022 representou a primeira grande ruptura com um bloco de poder que não apenas detinha o monopólio da força e das estruturas políticas, mas também se sustentava no medo como lema e estratégia política.

Antes mesmo da eleição de Gustavo Petro como presidente, a direita já havia sofrido um revés significativo, já que o segundo turno foi disputado entre um outsider e o atual presidente da Colômbia. A figura de Rodolfo Hernández serviu, portanto, como um chamado para transformar os repertórios de ação dos partidos políticos tradicionais e questionar o papel que desempenharam no processo democrático. Assim, durante o governo atual, Gustavo Petro enfrentou ataques coordenados, lawfare por meio de instituições políticas não judiciais, ataques da imprensa com fake news e até uma tentativa de golpe de Estado por parte de ex-funcionários do governo.

Além disso, o surgimento de figuras como Nayib Bukele, Javier Milei e a reeleição de Trump impactaram a política colombiana. Os repertórios de ação agora vêm acompanhados de narrativas estridentes que buscam posicionar candidatos conforme a conveniência de seus públicos. Antes, a direita, organizada em partidos tradicionais, detinha um poder homogêneo; hoje, esse poder se fragmenta entre aspirantes que adotam bandeiras internacionais e encarnam arquétipos: Vicky Dávila como uma Milei, De la Espriella e Cabal como Bukele, empresários que financiam um Trump, enquanto figuras de governos anteriores se apresentam como uma nova resposta para um país que suas próprias famílias moldaram.

Nesse cenário conturbado, repleto de ideias e práticas políticas questionáveis, a figura de Iván Cepeda emerge com duas bandeiras claras: a construção da paz como vanguarda e a ética como horizonte. Como candidato do Pacto Histórico, Iván Cepeda não apenas representa a aposta de mudança pela qual a Colômbia votou em 2022, mas também carrega a história daqueles que dedicaram suas vidas à construção de um país diferente, soberano, digno, com justiça social e profundamente humano. Ele representa o legado de milhões de colombianos, a unidade sonhada e a certeza de um futuro de justiça e liberdade.

A proposta de Iván Cepeda não se limita à paz e à justiça social: ela se projeta como uma revolução cultural. Em um país marcado por décadas de violência e exclusão, sua visão busca inaugurar um novo ciclo de transformação que dê continuidade ao legado de Petro e, ao mesmo tempo, o amplie para uma mudança profunda nos valores e na forma de entender a convivência. A campanha A.R.T.E. reflete esse horizonte: austeridade, respeito, transparência e ética como princípios de um modelo de nação que conecta a Colômbia à onda progressista latino-americana, enfrentando não apenas as velhas elites políticas, mas também as narrativas culturais que sustentaram a desigualdade e o medo.